ENSINO DE NÚMEROS RACIONAIS: um olhar crítico e reflexivo no Estágio Curricular Supervisionado em Matemática

Autores

  • Alessandra Carla Soave UFFS
  • Dra. Marisol Vieira Melo UFFS

Palavras-chave:

Números racionais, Frações, Porcentagem, Estágio Supervisionado em Matemática, Prática docente

Resumo

O presente trabalho resulta da experiência vivenciada no Estágio Curricular Supervisionado II em Matemática, realizado no Ensino Fundamental II e tem como foco a análise da fragmentação no ensino dos números racionais, particularmente nos conteúdos de frações, porcentagem e potenciação, em uma turma de 8º ano de uma escola pública. O estudo surgiu de uma inquietação a partir da sequência de conteúdos trabalhados pelo professor regente da turma, cuja organização apresentava-se desarticulada, gerando dificuldades na compreensão dos alunos. O objetivo foi compreender de que modo a ausência de articulação conceitual entre esses temas pode comprometer a aprendizagem matemática, além de refletir sobre a importância de práticas pedagógicas que favoreçam conexões entre diferentes representações numéricas. A metodologia baseou-se em observação participante, no acompanhamento de 12 aulas entre março e abril de 2025, período que antecedeu a docência, com registros em diário de campo e diálogo constante com a professora orientadora de estágio. Verificou-se que os conteúdos foram trabalhados por meio de exposição dialogada e resolução de exercícios, porém, de forma isolada e  sem retomada sistemática dos significados das frações e de suas múltiplas interpretações (parte-todo, quociente, operador multiplicativo ou razão). Essa abordagem resultou em dificuldades recorrentes, como a leitura incorreta de frações, a insegurança na conversão entre porcentagens e números decimais e a interpretação equivocada da potenciação com expoentes negativos. Observou-se que, embora as frações fossem expressas de distintas formas e representações, como próprias, impróprias, decimais e porcentagens, os estudantes não conseguiam transitar entre essas representações com segurança, demonstrando lacunas conceituais. A ausência de articulação ficou mais evidente, por exemplo, quando o cálculo de porcentagem foi tratado diretamente como multiplicação por números decimais, sem referência à fração equivalente, ou quando a potenciação com base fracionária foi introduzida sem retomada dos conceitos de fração e inverso multiplicativo. Essa prática fragmentada reforça uma concepção de ensino centrada em procedimentos, em detrimento da construção de significados. A experiência evidenciou a importância de planejar sequências didáticas que integrem os conteúdos, promovendo o reconhecimento de que representações distintas, como 12; 0,5 e 50%, expressam a mesma quantidade. Do ponto de vista formativo, o período de Estágio Curricular Supervisionado contribuiu enquanto espaço para reflexão e pesquisa, desenvolvendo um olhar crítico sobre a prática docente e sobre os desafios do ensino da matemática, ao possibilitar a articulação entre teoria e prática. Conclui-se que o ensino dos números racionais deve ser fundamentado em práticas pedagógicas que valorizem os conhecimentos prévios dos estudantes, a integração dos conteúdos e a explicitação de suas múltiplas representações, favorecendo aprendizagens mais significativas e duradouras.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências Exatas e da Terra - Ensino - Campus Chapecó