PREVALÊNCIA DE POLIFARMÁCA EM ADULTOS E IDOSOS ATENDIDOS EM UM AMBULATÓRIO INDÍGENA

Autores

  • Giovana Inês Weber Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Daniela Teixeira Borges
  • Leandro Tuzzin
  • Gustavo Olszanski Acrani
  • Ivana Loraine Lindemann

Palavras-chave:

Polimedicação, Saúde Indígena, Sobreuso de Fármacos

Resumo

A transição demográfica e epidemiológica brasileira tem contribuído para o aumento do número de idosos e, consequentemente, das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Esses dois fatores, associados ao progressivo acesso às medicações, favorecem o surgimento da polifarmácia, definida como o uso simultâneo de cinco fármacos ou mais, ou, ainda, da polimedicação excessiva, que ocorre quando há o uso de um número maior ou igual a 10 medicamentos. Nesse contexto, observa-se uma carência de estudos acerca do sobreuso de fármacos na população indígena, visto que esse agravo é mais frequente na população longeva. Dessa forma, o objetivo deste estudo é estimar a prevalência da polimedicação e o número de fármacos utilizados pelos pacientes polimedicados. Trata-se de um estudo transversal, sendo a amostra, não probabilística, constituída por todos os indivíduos de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 20 anos, atendidos, no período de agosto de 2021 a junho de 2024, no Ambulatório Padre Elli Benincá, mantido pela Universidade Federal da Fronteira Sul em parceria com o Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo/RS. As informações foram acessadas a partir do banco de dados produzido pela avaliação prévia dos prontuários eletrônicos dos pacientes. As análises estatísticas foram realizadas no programa estatístico PSPP (distribuição livre), e compreendem a prevalência da polifarmácia, com Intervalo de Confiança 95% (IC95), e a frequência da quantidade de medicamentos em uso pelos polimedicados. Diante desse cenário, a proporção de polifarmácia na amostra estudada (n=570), foi de 4% (IC95 3-6), valor ínfimo quando comparado à literatura atual, o que pode ser explicado pelo menor tamanho amostral e pela composição dos participantes, que inclui não somente a população idosa, mas também adultos. No entanto, ao analisar de forma individualizada a prevalência da polimedicação de acordo com a faixa etária, observou-se uma ocorrência de 2% (IC95 1-4) nos adultos (20-59 anos), ao passo que nos idosos (≥ 60 anos) a taxa foi de 16% (IC95 7-24), sugerindo que esse fenômeno tende a ser mais prevalente com o avançar da idade, assim como constatado na população não indígena. No que se refere a quantidade de fármacos utilizados pelos polimedicados, encontrou-se que metade desses faz uso de cinco medicamentos simultaneamente; conquanto aproximadamente 21% utilizam seis medicamentos; em torno de 17% consomem sete medicamentos; e uma porcentagem menor (4,2%), adota polimedicação excessiva (10 fármacos – número máximo identificado na amostra) sendo o mesmo valor verificado para a utilização de oito e nove medicações concomitantemente, evidenciando uma distribuição similar de fármacos nos estudos com pacientes não indígenas. Os resultados obtidos neste estudo demonstram que a polifarmácia é também uma realidade na população indígena, principalmente na população longeva. Ademais, a disposição do número de fármacos utilizados pelos pacientes polimedicados segue um padrão congruente ao relatado na população geral. Assim, destaca-se a importância da atenção para com essa população e a necessidade de medidas para o acompanhamento da saúde desse segmento populacional, visando o seu bem-estar e o uso racional de medicamentos.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Pesquisa - Campus Passo Fundo