FAMÍLIA MULTIESPÉCIES: DADOS INTERNACIONAIS E REALIDADE EM REALEZA (PR)

Autores

  • Luiz Gustavo Oliveira da Fonseca Universidade Federal da Fronteira Sul

Palavras-chave:

Bem-estar animal; Políticas Públicas; Vínculo Afetivo.

Resumo

Nos últimos anos, o conceito de família multiespécies vem se consolidando, impulsionado por estudos que demonstram mudanças profundas nas relações entre humanos e animais de companhia. Atualmente, nos Estados Unidos, cerca de 62% dos adultos possuem um pet, sendo que 97% consideram seus animais como membros da família. Outra pesquisa mostra, que apenas 3% os tratam como propriedades. Em contextos internacionais, a humanização é ainda mais clara. Em uma perspectiva, relata que 92% dos tutores brasileiros e 86% dos irlandeses se identificam como “pais” de seus pets. Além disso, 98% relatam que existem benefícios à saúde decorrentes dessa convivência. Esses números reforçam a tendência mundial de reconceitualização da família, incorporando não-humanos em sua estrutura afetiva. Uma pesquisa aplicada no município de Realeza (PR) em junho de 2025, reforça esse cenário. Com 70 respondentes, os dados mostraram que 84,3% eram moradores locais. Entre eles, 62,9% possuem animais em casa, confirmando a forte presença dos pets nos lares da região. Questionados sobre o vínculo afetivo, 62,9% afirmaram considerar seus animais como membros da família multiespécies, alinhando-se ao discurso internacional. Em contrapartida, 25,7% disseram que não, e 11,4% não souberam responder. Outro dado relevante foi o interesse pelo tema: 72,9% dos participantes afirmaram querer aprender mais sobre o conceito de família multiespécies, enquanto 27,1% declararam não ter interesse. Esse resultado mostra que a maioria da população pesquisada não apenas reconhece a importância dos animais em seus lares, mas também está aberta a ampliar conhecimentos sobre o tema, o que pode fortalecer iniciativas de educação e políticas públicas voltadas ao bem-estar animal. A metodologia adotada para a pesquisa foi simples e objetiva, visando facilitar a compreensão dos participantes. Foi aplicado um questionário estruturado com quatro perguntas diretas: 1) Você é morador de Realeza? 2) Você tem algum animal em casa? 3) Você considera esse animal como membro da família? 4) Você tem interesse em saber mais sobre o conceito de família multiespécies?. As entrevistas ocorreram presencialmente, em espaços públicos da cidade, como praças e estabelecimentos comerciais, e os respondentes foram selecionados de forma aleatória. O objetivo foi captar de maneira clara e acessível a percepção da população local sobre a presença dos animais na estrutura familiar. Do ponto de vista sociológico, Andrea Laurent-Simpson argumenta que cães e gatos já ocupam papéis equivalentes aos de filhos, irmãos ou avós, o que contribui para uma redefinição do conceito de família. No campo jurídico, observa-se que diferentes países têm avançado no reconhecimento legal desses vínculos, superando a antiga visão patrimonialista dos animais e reconhecendo-os como seres sencientes. Dessa forma, os dados obtidos em Realeza dialogam diretamente com as tendências globais, demonstrando que a família multiespécies não é apenas um fenômeno urbano de grandes centros, mas também se manifesta em municípios do interior. Assim, tanto em escala internacional quanto local, evidencia-se que os animais de companhia assumem um papel cada vez mais relevante na estrutura familiar, confirmando a emergência de uma nova sensibilidade social.

 

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências Agrárias - Pesquisa - Campus Realeza