ROMANTIZAÇÃO DA HISTÓRIA DAS MISSÕES: DESAFIOS PARA O ENSINO CRÍTICO

Autores

  • Magda Wille UFFS
  • Thalia Lubas Brum UFFS
  • Cláudia Eliane Ilgenfritz UFFS
  • Deniz Alcione Nicolay UFFS

Palavras-chave:

Missões Jesuíticas; Resistência Guarani; Educação decolonial.

Resumo

Esse trabalho aborda a história dos primeiros habitantes do Brasil, com foco no massacre, escravização e supressão cultural dos povos indígenas, especialmente os Guarani, durante a colonização na região das Missões (sul do Brasil). Discute como o ensino tradicional reproduz uma narrativa colonialista, que omite a violência e a resistência indígena, privilegiando a perspectiva dos colonizadores. Analisa criticamente como a escolarização tradicional retrata a colonização das Missões, destacando a dominação jesuítica e a resistência Guarani. Propõe desconstruir a visão romantizada das reduções, evidenciando os impactos da catequização forçada, da perda territorial e da supressão cultural, além de refletir sobre como essa narrativa influencia a perpetuação do racismo e da marginalização indígena na atualidade. A pesquisa baseia-se em revisão bibliográfica, utilizando autores como Wrege (1993) que tem como referência as obras de Serafim Leite, que critica a educação precária oferecida aos indígenas pelas missões jesuíticas, contrastando-a com o ensino destinado aos colonos. Também se emprega análise de materiais didáticos, identificando como eles perpetuam estereótipos colonialistas. Propõe-se ainda uma abordagem pedagógica crítica, que inclua visitas a locais históricos, como as ruínas das Missões, para contextualizar os conflitos que aconteceram, diálogo com a comunidade indígena, permitindo assim conhecimento a diferentes culturas, formas de viver e principalmente debates em sala de aulas como “descoberta” e “civilização”, tentar problematizar essas duas palavras que tem o foco de mudar o contexto da história. A escola ao reproduzir uma história eurocêntrica sobre as missões, contribui para a inviabilização indígena e a naturalização da violência colonial. É urgente revisitar o passado com um olhar decolonial, reconhecendo a agência e a resistência dos Guarani, desde sua organização social pré-colonial até as revoltas contra a dominação jesuítica. Ensinar essa história de forma crítica não é sobre culpar, mas sobre entender como o colonialismo moldou desigualdades estruturais. A proposta de levar alunos a espaços de memória e ouvir indígenas contemporâneos visa humanizar a história, substituindo abstrações por vivências reais. Quando a educação questiona narrativas hegemônicas, forma cidadãos capazes de refletir sobre a justiça social e reparação histórica. Conclui-se assim que, a descolonização do currículo é um passo essencial para combater o racismo e valorizar a diversidade cultural, construindo de suas raízes e responsabilidades. A escola tem o dever de formar cidadãos críticos, capazes de questionar narrativas oficiais e reconhecer as vozes que foram silenciadas. Só assim poderemos construir uma sociedade mais justa e consciente de suas raízes.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências Humanas - Ensino - Campus Cerro Largo