SÍNDROME OVÁRIO-ÚTERO REMANESCENTE E HÉRNIA INCISIONAL E INGUINAL EM CADELA
Palavras-chave:
Relato de caso; ovariectomia, ovariohisterectomia, cioResumo
A Ovariohisterectomia (OVH) é um procedimento cirúrgico comumente realizado em cadelas na clínica cirúrgica veterinária, e refere-se à remoção dos ovários e útero. A síndrome do ovário remanescente (SOR) ocorre quando há persistência da atividade ovariana após as fêmeas serem submetidas a essa cirurgia. As hérnias são protusões parciais ou totais de um ou mais órgãos por uma abertura (anel herniário), podendo ocorrer por má formação ou enfraquecimento nas camadas musculares, assim como após cirurgias. Este trabalho tem por objetivo relatar a abordagem cirúrgica de uma cadela Lhasa Apso, de dois anos e 5,4 kg, com histórico de aumento de volume em região inguinal há cerca de dois anos. Na anamnese, a tutora relatou que o animal apresentava cio após ovariohisterectomia eletiva realizada há quatro anos, sendo identificado ao exame ultrassonográfico formação hipoecogênica em topografia de ovário direito. Nos exames de perfil bioquímico e hemograma observou-se valores dentro da normalidade para a espécie e o eletrocardiograma demonstrou arritmia sinusal com sinus arrest e período de bradicardia sinusal. A cirurgia iniciou pela incisão na linha média ventral, retroumbilical e ao acessar a cavidade abdominal, identificou-se a presença do ovário direito; foi feita hemostasia do CAVO com eletrocautério bipolar, seguida da secção com tesoura Metzembaum e remoção do ovário. Foi feito o mesmo procedimento no ovário contralateral; a cérvix foi localizada e notou-se remanescente de corpo uterino esquerdo, que foi excisado. O fechamento da parede abdominal foi realizado com fio de Poliglactina 3-0 em padrão contínuo, seguido do subcutâneo com o mesmo fio e padrão, e da pele náilon 3-0 e sutura intradérmica. O procedimento foi redirecionado para correção das hérnias inguinais, sendo realizada incisão sobre a hérnia inguinal direita ampliada com tesoura Metzembaum. O conteúdo herniado foi reposicionado na cavidade abdominal, o saco herniário seccionado e seguiu-se o fechamento do anel inguinal com sutura cruzada isolada e náilon 4-0; o mesmo procedimento foi realizado no lado contralateral. O subcutâneo e a pele foram suturados seguindo sutura contínua simples e o mesmo fio. O material removido da região do CAVO e corpo uterino foram enviados à histopatologia, que indicou presença de tecido uterino e ovariano. Na consulta de retorno, observou-se possível recidiva da hérnia inguinal direita, que necessitava de acompanhamento, porém o tutor não retornou para o seguimento do caso. A hérnia inguinal em cadelas pode estar relacionada com predisposição hormonal que favorecem o enfraquecimento ou dilatação dos anéis inguinais. Como a paciente ainda apresentava cio após castração, pode-se sugerir possível relação entre a síndrome do útero-ovário remanescente e as hérnias inguinais na paciente. Embora a piometra de corpo uterino possa ser verificada, esta não estava presente na paciente em questão. O relato ressalta a importância da técnica cirúrgica meticulosa, assim como cuidado para evitar-se demais complicações envolvidas com a SOR.
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