ABORDAGEM CIRÚRGICA DA LUXAÇÃO MEDIAL DE OMBRO EM CADELA DE PEQUENO PORTE
Palavras-chave:
instabilidade escápulo-umeral; cirurgia ortopédica; complicações pós-cirúrgicas; gastrite.Resumo
A luxação de ombro é caracterizada pelo deslocamento completo das extremidades ósseas que compõem uma articulação, resultando na perda do contato anatômico normal entre os ossos. Geralmente, está associada a lesões no ligamento glenoumeral medial, instabilidade congênita ou alterações no desenvolvimento, como hipoplasia ou displasia da articulação. Este trabalho tem objetivo de relatar a correção de luxação medial de ombro em uma cadela Pinscher, de oito anos e 1,15 kg, com histórico de claudicação de membro torácico direito e dor. A tutora relatou que após a contenção para corte de unhas, a paciente passou a apresentar dor e claudicação. O exame radiográfico evidenciou luxação craniomedial da articulação escapulo-umeral direita, e fratura completa, transversa, regular e cicatrizada em colo da escápula, com deslocamento caudal do fragmento ósseo distal e atrofia muscular por desuso. No hemograma e perfil bioquímico pré-operatórios, observou-se aumento da fosfatase alcalina. Sob anestesia geral, com a paciente em decúbito dorsal, realizou-se incisão sobre o tubérculo maior direito, estendendo-se medialmente em direção à diáfise umeral. Em seguida, procedeu-se à incisão da fáscia muscular ao longo da borda lateral do músculo braquiocefálico, peitoral superficial e profundo do úmero. O tendão do músculo coracobraquial foi rebatido, permitindo a exposição do tendão do músculo subescapular. Após a incisão da cápsula articular, realizou-se a inspeção da articulação, remoção de tecido fibroso e curetagem. Seguiu-se perfuração com perfurador manual e pino, seguido da aplicação de parafuso âncora no colo da escápula e na face caudal da metáfise umeral. Utilizou-se fio de náilon 1-0 para reconstruir o ligamento, permitindo o reposicionamento da articulação. Com o ombro em posição anatômica, realizou-se aproximação muscular com sutura cruzada isolada e poliglactina 910 3-0. Após o procedimento, a paciente foi encaminhada para exame radiográfico controle, quando Verificou-se correção da luxação, articulação congruente, indicando técnica bem sucedida. Seis dias após, a paciente foi reavaliada e apoiava o membro, porém, tinha episódios de vômito, inapetência, deiscência parcial da ferida cirúrgica e secreção purulenta. Prescreveu-se cefalexina (30 mg/kg PO/BID/10 dias) e ondansetrona (1 mg PO/BID/7 dias). Após dois dias apresentou apatia, sendo instituída fluidoterapia intravenosa, citrato de maropitant (0,1 mg/kg/SC) e sucralfato (2 ml/PO/BID/7 dias); houve progressão para inapetência, hipotermia, hipotensão, bradicardia e desidratação (7%). O exame ultrassonográfico revelou alterações compatíveis com injúria renal, obstrução pilórica parcial ou total e processo inflamatório intestinal focal. No mesmo dia, a paciente entrou em óbito e foi encaminhada à necropsia. Os achados incluíram úlceras gástrica e intestinal, degeneração gordurosa hepática, necrose tubular e medular renal aguda, edema pulmonar, degeneração mixomatosa valvar difusa, hidrocefalia e craniosquise, que não apresentavam sinais clínicos e eram desconhecidos pela tutora. Assim, evidencia-se que a reconstrução do ligamento glenoumeral medial pode ser corrigida cirurgicamente em pacientes pequenos, porém neste caso houve óbito devido à doenças pré-existentes. Ressalta-se a importância da avaliação pré-operatória minuciosa e a individualização dos protocolos terapêuticos, a fim de evitar complicações.
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