COMPLICAÇÕES PÓS-PARTO EM VACA PRIMÍPARA ASSOCIADO A GESTAÇÃO GEMELAR: RELATO DE CASO
Palavras-chave:
Reprodução animal; Parto distócico; Bovinos leiteiros; Puerpério.Resumo
Os bovinos são uma espécie monotócica, ou seja, na maioria das gestações tem-se o nascimento de um único filhote. Entretanto, casos raros acontecem, como gestações gemelares, ocorrência registrada em cerca de 3,0% a 5,0% dos partos. Fatores como raça, número de partos, seleção genética, taxa de ovulação e produção de leite podem estar envolvidos na manifestação desta condição. Vacas que passam por gestações gemelares enfrentam inúmeros desafios após o parto, devido ao aumento de distúrbios que interferem na capacidade produtiva e reprodutiva, ou seja, enfermidades puerperais. As sequelas associadas vão desde o encurtamento do período de gestação, distocia, diminuição da fertilidade, aumento da mortalidade neonatal, bezerros de tamanho menor e com desenvolvimento comprometido, intersexualidade, aumento no intervalo de partos, maiores índices de taxa de descarte, fatores que resultam em perdas econômicas significativas. O presente estudo tem como objetivo relatar um caso de gestação gemelar em uma vaca primípara com complicações no pós-parto. Foi realizada na fazenda Capão do Cipó, no interior do município de Castro-PR, uma assistência veterinária em uma vaca da raça Holandesa, primípara, com aproximadamente dois anos de idade e escore corporal 3,5 pontos. No dia 17/07/2025, constatou-se que o animal apresentava dificuldades para a expulsão do concepto de maneira natural. Caracterizando-se como um parto distócico decorrente da estática fetal incorreta, ou seja, a posição anatômica do feto apresentava-se desproporcional ao assoalho pélvico da parturiente. Durante a avaliação obstétrica, levantou-se a hipótese de gestação gemelar, condição que justificaria a complexidade do parto e o aumento do esforço da fêmea. Diante do cenário, foi necessária a intervenção obstétrica com auxílio de cordas para a realização de tração forçada, visando a remoção do bezerro do útero. Após o procedimento, registrou o nascimento de gêmeos, ambos do sexo feminino. No segundo dia pós-parto, o animal demonstrou apatia, falta de apetite, dificuldade em locomoção, tremores dos membros, aumento de temperatura corporal e queda na produção de leite, configurando hipocalcemia em fase inicial. Simultaneamente, identificou exsudato purulento com odor fétido na região da vulva, com a presença de membranas fetais, sugestivo de um quadro de retenção de placenta. No sétimo dia pós-parto, a fêmea foi diagnosticada com metrite puerperal, evidenciada por intensa eliminação de secreção uterina, com coloração amarelo-esbranquiçada, odor pútrido e consistência viscosa. Protocolos terapêuticos específicos foram imediatamente instituídos, considerando a progressão das afecções diagnosticadas. O animal apresentou uma resposta satisfatória ao tratamento e será monitorado para verificar a ocorrência de possíveis complicações no ciclo reprodutivo. No dia 09/08/2025, uma das suas filhas veio a óbito devido a falhas no seu desenvolvimento. Conclui-se que a geminação em vacas leiteiras é indesejável, pois está frequentemente relacionada à distocia, especialmente em vacas primíparas. Essa condição aumenta a predisposição à retenção de placenta e a outros problemas puerperais, gerando custos com medicamentos, atraso na retomada do ciclo reprodutivo e maior mortalidade de bezerros, que tendem a nascer com menor peso e desenvolvimento limitado, causando impactos significativos na saúde e na produtividade em um rebanho leiteiro.
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