A Abordagem diagnóstico-terapêutica de cistos uterinos em uma gata submetida à terapia hormonal exógena

Autores

  • Maria Helena Moreno Discente. Medicina Veterinária. Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Pauline Silva dos Santos Mestranda e Aprimoranda, Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Realeza.
  • Andressa Bacher Discente, Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Realeza.
  • Fabíola Dalmolin Profa Dra e Médica Veterinária, Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Realeza.

Palavras-chave:

castração; métodos alternativos; cistos uterinos; ovários; cirurgia veterinária.

Resumo

A castração é um dos procedimentos mais frequentes na rotina clínico-cirúrgica na Medicina Veterinária, que visa à esterilização para controle populacional e prevenção ou tratamento de possíveis afecções uterinas e/ou ovarianas. Diferentes técnicas podem ser empregadas, dentre elas a ovariohisterectomia (OVH) e ovariectomia (OVE), e em alguns casos a salpingectomia. Este trabalho tem como objetivo relatar o caso de uma felina, sem raça definida, de 10 meses, 2,8 kg, encaminhada para procedimento eletivo, contudo, no trans-cirúrgico identificou-se estruturas compatíveis com vesículas gestacionais, realizando-se então excisão do corno uterino esquerdo e salpingectomia direita. Na anamnese, havia relato de cio há três meses, e aplicação de progestágeno exógeno há quatro; no exame físico, todos os parâmetros se apresentaram dentro da normalidade para a espécie. Foram realizados exames complementares pré-cirúrgicos (hemograma, dosagem de alanina aminotransferase, fosfatase alcalina, albumina e creatinina), sendo observado apenas aumento da fosfatase alcalina. Sob anestesia geral, pelo acesso abdominal pelo flanco esquerdo, localizou-se o corno uterino e o complexo arteriovenoso ovariano (CAVO) esquerdo, aplicou-se o método das três pinças modificado, seguido de ligadura circular e transfixante com poliglactina 910 3-0; ao exteriorizar-se o corno direito, verificou-se dois aumentos de volume, semelhantes à vesículas gestacionais, com aproximadamente 3cm e 5cm de diâmetro, sendo removido somente um segmento de 1cm da salpinge direita. O fechamento muscular, redução do subcutâneo e dermorrafia foram realizados. Seguiu-se medicação com meloxicam (0,1 mg/kg/VO/SID/2 dias), dipirona (25 mg/kg/VO/TID/2 dias) e clorexidina spray na ferida cirúrgica (TID/15 dias). Nove dias após, na reavaliação e remoção das suturas, verificou-se dor à palpação em ferida cirúrgica, em processo de cicatrização adequado. Após 30 dias, verificou-se ao exame ultrassonográfico ausência de evolução da possível gestação, e o animal foi submetido a remoção do corno uterino e ovário direito. À histopatologia verificou-se tratar de cistos uterinos de origem não determinada, hiperplasia epitelial adjacente, mineralização e focos de tecido mixomatoso, e ovários com congestão difusa moderada. A salpingectomia é uma técnica muito utilizada na medicina humana, e consiste na oclusão e/ou ressecção parcial desta estrutura, como realizado neste relato. Estudos em felinas gestantes demonstraram que, em casos de visualização do útero gravídico no trans-cirúrgico, a técnica não compromete a gestação, o parto e a saúde dos conceptos. No caso apresentado, optou-se pela salpingectomia parcial devido à possibilidade de tratar-se de vesículas gestacionais, a fim de permitir a continuidade da gestação. A OVH total após 30 dias foi realizada devido à não progressão da condição. Este caso reforça a necessidade da anamnese detalhada e exame físico minucioso para descartar a possibilidade de gestação em animais encaminhados para OVH eletiva, e se possível, exames ultrassonográficos sequenciais para confirmação de possíveis alterações, a fim de evitar submeter animais gestantes ao procedimento cirúrgico.

Downloads

Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências Agrárias - Extensão & Cultura - Campus Realeza