A MÚSICA COMO INSTRUMENTO DE CONEXÃO NO AMBIENTE UNIVERSITÁRIO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM BOLSISTA NEURODIVERGENTE DO PROJETO DE CULTURA INTEGRASOM
Palavras-chave:
Música, Cultura, Espaço Universitário, Vínculos Sociais, Transtorno do Espectro Autista (TEA)Resumo
A música é uma linguagem universal que transcende barreiras culturais, sociais e acadêmicas, sendo capaz de criar vínculos entre pessoas de diferentes origens, formações e experiências, promovendo integração, acolhimento e bem-estar. Nas sociedades humanas, a música está presente como forma de expressão subjetiva, ritual, celebração e resistência - tem a capacidade de conectar os indivíduos ao seu meio, à sua história e aos outros ao redor. No contexto universitário, a música assume um papel ainda mais potente: humaniza os espaços institucionais, rompe com a rigidez das especializações acadêmicas e aproxima estudantes, professores, técnicos e membros da comunidade externa em torno de uma prática/experiência coletiva e significativa. Os projetos de promoção à cultura e à comunidade regional, como o IntegraSom, mostram que a música pode ser uma ferramenta de transformação social, atuando como ponte entre universidade e comunidade. Além disso, contribui para a construção de identidades mais livres e plurais, especialmente entre jovens que vivem ou vieram de contextos com pouca oferta de lazer e cultura. Este trabalho é um relato de experiência de um estudante de graduação em Medicina que participou do Projeto Integrasom durante o primeiro semestre de 2025. As atividades do bolsista consistiam em realizar apresentações semanais no espaço da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) campus Chapecó-SC nos intervalo entre as aulas, fazer registros audiovisuais das apresentações, divulgar as atividades realizadas pelo projeto, contribuir em eventos pedagógicos e eventos realizados na UFFS, como forma de promoção de cultura aos visitantes e ter atrativos durante abertura de eventos sociais e acadêmicos. Ademais, o aluno bolsista possui diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autista (TEA), uma condição do neurodesenvolvimento caracterizada por déficits na comunicação e interação social, acompanhados de padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses ou atividades. Com esta particularidade, o estudante tinha preferência em realizar suas atividades de maneira solo, em datas e horários pré-determinados e no espaço conhecido da UFFS. Entre as dificuldades encontradas, foram demandas inesperadas, que alteravam a rotina do estudante, cumprir as tarefas no período noturno, quando apresentava maior estafa física e mental, sons de alta intensidade durante ensaios e eventos com a participação do IntegraSom, além de interagir com pessoas desconhecidas. Apesar desses desafios, houve diversos momentos de troca de experiências e saberes com outros estudantes, funcionários e visitantes da UFFS, o que contribuiu para desenvolver as habilidades sociais de diálogo, troca de saberes em música e criar novos vínculos. Nesse sentido, as atividades se revelaram um espaço de desenvolvimento para além de conteúdo cultural, favorecendo a autonomia e a autoconfiança do bolsista. Desse modo, no espaço universitário, a música deixa de ser apenas uma atividade artística e passa a ser um instrumento para ampliar horizontes, fortalecer redes de colaboração entre diferentes indivíduos da UFFS e comunidade, além de tornar o campus um espaço mais vivo, inclusivo e conectado com a realidade social. Em suma, a música é essencial porque nos lembra que aprender, conviver e transformar também podem - e devem - ser experiências sensíveis, criativas e coletivas para todos os indivíduos.
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