PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS EM INDÍGENAS ATENDIDOS EMAMBULATÓRIO ESPECIALIZADO DE SAÚDE

Autores

  • Matheus Capelli UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL - PASSO FUNDO
  • Jackson Menezes de Araújo
  • Daniela Teixeira Borges
  • Leandro Tuzzin
  • Gustavo Olszanski Acrani
  • Ivana Loraine Lindemann

Palavras-chave:

saude mental

Resumo

Os transtornos mentais (TM) são condições que afetam a psique humana, o que traz enormes
prejuízos sociais para os doentes. A ansiedade é um sentimento natural dos seres humanos que
permite antecipar situações de risco e se preparar para os desafios diários. No entanto, quando
essa emoção se torna muito intensa, com preocupações desproporcionais aos problemas, e de
forma contínua, ela se transforma em um transtorno, podendo interferir no descanso e
desencadear sintomas específicos. A depressão, por sua vez, é uma doença mental de elevada
prevalência e é a mais associada ao suicídio. Tende a ser crônica e recorrente, principalmente
quando não é tratada. Essas doenças podem se manifestar isoladamente ou de maneira conjunta.
Assim, este estudo transversal objetivou estimar a prevalência de TM em indígenas atendidos no
Ambulatório de Saúde Indígena da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)/Hospital São
Vicente de Paulo (HSVP). A amostra, do tipo não-probabilística, foi constituída de todos os
indivíduos, de ambos os sexos e com idade ≥ 20 anos, atendidos no ambulatório no período de
agosto de 2021 (início dos atendimentos) a setembro de 2022. A partir de dados obtidos em
prontuários eletrônicos, a amostra foi descrita quanto a características sociodemográficas (sexo,
faixa etária, condições de moradia, escolaridade e situação conjugal), clínicas (doenças
cardiovasculares - DCV [hipertensão arterial sistêmica, acidente vascular cerebral, infarto agudo
do miocárdio e doença arterial coronariana] e diabetes mellitus - DM) e comportamentais
(tabagismo, consumo de bebida alcoólica e prática de atividade física). Os transtornos mentais
(variável de desfecho: ansiedade e/ou depressão) foram verificados a partir dos registros em
prontuário e foi estimada sua prevalência, com intervalo de confiança de 95% (IC95), e sua
distribuição conforme as variáveis de exposição, utilizando o teste do qui-quadrado de Pearson
ou o exato de Fisher, com significância de 5%. Foram respeitados os preceitos da ética em pesquisa com seres humanos (parecer de número 5.918.524). A amostra (n=570) foi composta
majoritariamente por indivíduos do sexo feminino (59,3%), adultos (86,6%), residentes em
aldeamento (69,3%), com ensino fundamental (62,6%) e cônjuge (55,4%). Ainda, 27,4%
apresentavam diagnóstico de DCV e 11,7% de DM e foi observado que 26,6% eram tabagistas,
21,6% consumiam bebida alcoólica e que a maioria (92,5%) não praticava atividade física. A
prevalência de TM foi de 8% (IC95 6-11), sendo significativamente mais elevada no sexo
feminino (11,5%; p=0,001). Os resultados apontaram elevada prevalência de TM na população
indígena avaliada, com destaque para a maior ocorrência entre mulheres, o que corrobora a
literatura quanto à vulnerabilidade desse grupo. Isso reforça a urgência de ações integradas de
atenção primária e especializada, voltadas à promoção, prevenção e manejo qualificado dos
transtornos mentais em populações indígenas, respeitando suas particularidades socioculturais.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Pesquisa - Campus Passo Fundo