ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO TERRITÓRIO: VIVÊNCIAS E OBSERVAÇÕES DURANTE AS VISITAS DOMICILIARES EM SAÚDE COLETIVA

Autores

  • Mateus de Oliveira Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Passo Fundo
  • Vanessa Tomé Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Passo Fundo
  • Luan Daniel Nascimento Guerres Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Passo Fundo
  • Alessandra Regina Müller Germani Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Passo Fundo

Palavras-chave:

Assistência Farmacêutica, SUS, Uso Racional de Medicamentos, Polimedicação, PNAF

Resumo

A Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF) é um eixo estruturante do Sistema Único de Saúde, voltado à garantia do acesso, ao uso racional e à equidade no fornecimento de medicamentos. Criada no contexto da década de 1990 em que o acesso aos medicamentos era desigual e limitado, a PNAF baseia-se em eixos estratégicos que orientam a organização, execução e avaliação da assistência farmacêutica. Este trabalho teve como objetivo relacionar os fundamentos da política com a realidade local, a partir de observações realizadas pelos alunos durante as visitas domiciliares. As informações aqui apresentadas foram registradas a partir da experiência dos alunos em atividades práticas, realizadas majoritariamente por meio de visitas domiciliares no território, bem como em seminários do componente curricular de Saúde Coletiva IV, no primeiro semestre de 2025, nesta universidade. Essa experiência foi sistematizada em diários de campo e nas observações dos alunos, sendo que o critério de seleção das informações correspondeu à organização dos relatos sobre o uso de medicamentos pelas famílias acompanhadas. Foram acompanhadas 33 pessoas, das quais 26 apresentavam duas ou mais comorbidades e 27 utilizavam dois ou mais medicamentos de forma contínua. Entre os fármacos mais prevalentes destacaram-se hidroclorotiazida e metformina (14 relatos cada), losartana e sinvastatina (12 cada), além de omeprazol (11) e enalapril (10). Nessas observações, evidenciou-se o grande número de pessoas que não sabem descrever a posologia dos medicamentos que fazem uso (53%), a frequência do uso de plantas medicinais (39%) e o uso de medicamentos sem prescrição (31%), ainda, a insegurança de alguns usuários quanto ao uso simultâneo de múltiplos medicamentos, bem como casos de interrupção ou redução da posologia por iniciativa própria, evidenciando fragilidades no acompanhamento terapêutico. Percebemos, também, a importância do programa Farmácia Popular, visto que 93% das famílias relataram utilizar o programa mensalmente, assim como das farmácias públicas (municipal e de componente especializado). Tais aspectos ressaltam a relevância da assistência farmacêutica no fortalecimento do cuidado seguro e interprofissional, na prevenção de riscos relacionados à polimedicação e na consolidação do vínculo entre usuários e serviços de saúde. Assim, destaca-se que a PNAF vai além da provisão de medicamentos essenciais, configurando-se como instrumento fundamental de promoção do cuidado integral e humanizado. 

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Ensino - Campus Passo Fundo