CANNABIDIOL: UMA NOVA PERSPECTIVA NO TRATAMENTO DA EPILEPSIA REFRATÁRIA
Palavras-chave:
Epilepsia refratária, Cannabidiol, Tratamento farmacológicoResumo
Introdução: A epilepsia refratária se caracteriza pela persistência das crises epilépticas, mesmo após o uso de pelo menos dois medicamentos anticonvulsivantes, afetando cerca de 30% dos pacientes epilépticos. Portanto, o manejo do estado de mal epiléptico refratário se constitui como um desafio clínico, uma vez que os fármacos antiepilépticos tradicionais frequentemente falham em interromper as crises. Nesse cenário, o uso do canabidiol (CBD) tem emergido como uma possibilidade para esses quadros, diante do seu potencial anticonvulsionante e neuroprotetor.
Objetivo: Avaliar a eficácia e segurança do CBD no tratamento de epilepsias refratárias, frente ao contexto de terapias farmacológicas sintéticas convencionais.
Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, de abordagem qualitativa, com busca de artigos científicos publicados entre 2020 e 2025 na base PubMed. Foram utilizados os descritores “Cannabidiol” AND “Drug-Resistant Epilepsy”. Foram incluídos estudos clínicos, revisões, meta-análises e relatos de caso. Artigos com foco exclusivo em síndromes já amplamente estudadas (como Dravet e Lennox-Gastaut) e aqueles que não abordassem a temática analisada foram excluídos da análise.
Resultados e discussões: Com a aplicação dos métodos de busca descritos, foram encontrados 197 artigos. Em seguida, foram aplicados os seguintes critérios de inclusão: a partir da seleção de artigos com texto completo disponível, foram encontrados 117 artigos e, através da leitura exploratória, 30 artigos foram selecionados. Por fim, a partir de uma avaliação crítica dos títulos e resumos com base nos critérios de exclusão, foram selecionados 16 artigos. A análise dos trabalhos revelou que o CBD apresenta eficácia na redução da frequência de crises em pacientes com epilepsia refratária, inclusive em síndromes não tradicionalmente contempladas pelos estudos clássicos. Os estudos demonstraram uma taxa média de resposta superior ao placebo, chegando a reduções de até 50% na frequência de crises em uma parcela significativa dos pacientes. Além do efeito anticonvulsivante, alguns estudos apontaram melhora em aspectos cognitivos, de atenção e qualidade de vida. Em termos de segurança, as reações adversas relatadas foram predominantemente leves a moderadas (sonolência, fadiga e desconforto gastrointestinal) e, na maioria dos casos, manejáveis com ajustes de dose ou de fármacos associados. Todavia, interações medicamentosas, especialmente com clobazam e valproato, exigem maior precaução, devido a uma maior incidência de efeitos colaterais. A via de administração também foi explorada, sendo o uso oral o mais eficaz, enquanto formulações alternativas, como a transdérmica, demonstraram perfil seguro, mas sem impacto inicial significativo.
Conclusões/considerações finais: O CBD surge como uma alternativa promissora e segura no tratamento do estado de mal epiléptico refratário, com efeitos adversos leves e baixa taxa de descontinuação. No entanto, mais estudos são necessários sobre a dose ideal, interações e uso à longo prazo para confirmar a premissa clínica desse composto.
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