As PANCS E EDUCAÇÃO CIENTÍFICA: CAPACITANDO ADOLESCENTES PARA A VALORIZAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO, BIODIVERSIDADE E PROTAGONISMO ESCOLAR

Autores

  • Kassiane Dos Santos Nascimento Brandão Universidade Federal da Fronteira Sul- UFFS, Campus Realeza.
  • Claudia Fioresi Universidade Federal da Fronteira Sul- UFFS, Campus Realeza
  • Jean Francisco Universidade do oeste do Paraná - Unioeste

Palavras-chave:

Nutrição; , Clubes de ciências; , Divulgação científica;

Resumo

As Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) constituem um patrimônio alimentar e cultural de grande relevância, ainda que pouco explorado no cotidiano da população brasileira. Essas espécies, muitas vezes vistas como “mato” ou associadas a estigmas sociais, apresentam elevado valor nutricional e funcional, sendo ricas em compostos bioativos com propriedades antioxidantes e terapêuticas. Entretanto, a carência de informação acessível e a falta de estímulos governamentais, econômicos e culturais voltadas à sua valorização contribuem para o desinteresse e desconhecimento sobre seu potencial de uso. Nesse cenário, torna-se fundamental investir em estratégias de divulgação científica que aproximem o conhecimento acadêmico da realidade escolar, desmistificando conceitos e despertando nos jovens o interesse pela ciência e conhecimento sobre plantas desconhecidas. O presente trabalho teve como objetivo expor os benefícios da introdução das PANCs na alimentação humana e promover a reflexão crítica de estudantes sobre sua importância nutricional, cultural e ambiental, por meio de uma ação educativa que uniu ciência e alimentação. A ação foi realizada no âmbito de um clube de ciências, vinculada ao programa Rede Paraná Faz Ciência, com cerca de 50 estudantes de duas turmas do 9º ano da Escola Estadual Juscelino Kubitschek, em Realeza-PR. A metodologia consistiu na aplicação de um questionário de diagnóstico inicial, palestra expositiva dialogada em sala de aula, além da entrega de mudas de peixinho e capuchinha para cultivo na horta escolar, estimulando contato sensorial. Mais do que transmitir conceitos prontos, a prática buscou oportunizar a troca de saberes entre ciência acadêmica e conhecimento popular, evidenciando o papel das PANCs na alimentação cotidiana e no fortalecimento da biodiversidade. Os resultados revelaram que, embora alguns alunos já conhecessem determinadas espécies, a maioria desconhecia o termo PANC e sua importância nutricional. Após a intervenção, observou-se um aumento expressivo do interesse, além da formulação de propostas criativas pelos próprios estudantes, como cartazes, vídeos e ações de conscientização no ambiente escolar. Essa mobilização evidencia que atividades de divulgação científica realizadas em clubes de ciências favorecem não apenas a aprendizagem, mas também a formação de jovens protagonistas no processo de difusão do conhecimento. A discussão destaca que, ao levar ciência para dentro da sala de aula com linguagem apropriada e metodologias práticas, o projeto contribuiu para a quebra de preconceitos, para a valorização da alimentação saudável e para o despertar do interesse científico entre os jovens. A experiência mostrou que a ciência, quando apresentada de forma acessível e aplicada ao cotidiano, deixa de ser um conteúdo distante para tornar-se ferramenta de transformação, capaz de gerar senso crítico, engajamento e valorização da biodiversidade local. Conclui-se que o clube de ciências cumpre um papel essencial na capacitação dos estudantes como multiplicadores de conhecimento, promovendo a difusão científica, a troca de saberes e a integração entre escola, universidade e comunidade. Ao aproximar ciência e educação alimentar, o projeto não apenas fortalece a segurança alimentar e nutricional, mas também pode despertar vocações científicas e promover a formação cidadã de jovens comprometidos com a saúde, a sustentabilidade e o combate à desinformação.

 

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Pesquisa - Campus Realeza