O PAPEL DA SISTEMATIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA SOBRE A OBSERVAÇÃO EM SALA DE AULA NA FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR: UM OLHAR PARA OS RITUAIS ESCOLARES

Autores

  • Julia Isabela Segatto da Luz Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Cerro Largo
  • Roque Ismael da Costa Güllich Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Cerro Largo

Palavras-chave:

Formação docente, Práticas pedagógicas, Reflexão crítica, Saberes docentes, Investigação-ação

Resumo

A observação de aulas pode ter um papel importante na formação inicial de professores durante as práticas de ensino, permitindo compreender de forma crítica as dinâmicas escolares, as estratégias pedagógicas e a interação entre professores e alunos. Especialmente, quando esta prática resulta no processo de sistematização da experiência articulando a prática pela reflexão crítica a partir das vivências na escola/espaço da sala de aula. Este estudo propõe uma reflexão sistematizada sobre a experiência de observar aulas de Ciências do 8º ano do Ensino Fundamental de uma escolha pública, com um olhar para os rituais de sala de aula: - entendidos como práticas recorrentes que estruturam a rotina, organizam o comportamento dos alunos e estabelecem padrões de início, desenvolvimento e encerramento das atividades - com o objetivo de evidenciar aprendizagens docentes, como percepção, análise e tomada de decisão pedagógica. Nesse contexto, este estudo consistiu em relato de experiência, realizado no âmbito do Componente Curricular Prática de Ensino: Currículo e Ensino de Ciências, em uma escola municipal com uma turma de 21 estudantes. Para tanto, a observação não participativa buscou registrar interações entre professora e alunos, enfatizando rotinas, estratégias pedagógicas e padrões de comportamento, a fim de compreender como a organização da sala influencia a aprendizagem e a gestão da turma. Durante a aula, identificaram-se práticas ritualizadas, como oração coletiva, chamada nominal, utilização do livro didático e cobranças disciplinares. A observação revelou que, embora esses rituais promovam previsibilidade e controle, eles também constituem oportunidades para reflexão crítica, pois permitem analisar como tais práticas impactam na organização do processo de ensino e no engajamento, participação e autonomia dos estudantes. Além disso, momentos em que a rotina foi flexibilizada, como o uso de simuladores e imagens interativas, destacaram o potencial da observação realizada para identificar alternativas pedagógicas capazes de favorecer a aprendizagem com significado. Assim, a experiência evidenciou que a observação vai além da simples descrição de comportamentos, constituindo-se em ferramenta de análise e reflexão para produção da docência para licencianda que observava, pensava e (d)escrevia. De fato, registrar e interpretar as ações docentes permite que professores em formação inicial compreendam a relação entre práticas estabelecidas, gestão da turma e desenvolvimento do aluno, identificando limites, desafios e possibilidades de intervenção como processo de investigação da formação em si. Dessa forma, a sistematização da experiência de observação de aulas mostrou-se estratégica na formação inicial, promovendo o desenvolvimento da capacidade de análise, interpretação e planejamento pedagógico. Ademais, observar os rituais da sala de aula e outros aspectos da rotina escolar possibilitou um olhar crítico sobre metodologias adotadas, revelando a importância de equilibrar disciplina e flexibilidade, tradição e inovação. Por conseguinte, a experiência reforça que a observação reflexiva é fundamental para a construção de saberes docentes desde a formação inicial, consolidando novas percepções sobre práticas pedagógicas intencionais, mediadas, constituindo assim, o ideário de docência como um processo de aprendizagem e iniciação.

 

Downloads

Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências Humanas - Ensino - Campus Cerro Largo