PREVALÊNCIA DE DISLIPIDEMIA CONFORME FAIXA ETÁRIA EM PACIENTES DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores

  • Julia Helena Glesse UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL - PASSO FUNDO
  • Brenda Camilla Sousa dos Santos Discente da Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Paulo Dambros Filho Discente da Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Gustavo Olszanski Acrani Docente da Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Ivana Loraine Lindemann Docente da Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Rafael Kremer Docente da Universidade Federal da Fronteira Sul

Palavras-chave:

Atenção Básica, Estudos Transversais, Fatores de Risco de Doenças Cardiovasculares, Transtornos do Metabolismo dos Lipídeos

Resumo

A dislipidemia, uma condição com alta prevalência global e que sobrecarrega os sistemas de saúde, tende a se tornar mais frequente com o avanço da idade devido a mudanças metabólicas, hormonais e no estilo de vida. Por ter um impacto significativo em eventos cardiovasculares e na morbimortalidade, seu rastreamento e manejo precoce são fundamentais na Atenção Primária à Saúde (APS), local onde se pode promover prevenção, educação e acompanhamento contínuo para reduzir complicações. Este estudo transversal, aprovado eticamente, teve como objetivo determinar a prevalência de dislipidemia por faixa etária em pacientes da APS. Os dados foram obtidos de forma secundária, por meio de prontuários eletrônicos, de pacientes com 20 anos ou mais atendidos na APS do município de Marau, Rio Grande do Sul, durante o ano de 2019. Foram excluídos da amostra final pacientes que foram a óbito e aqueles sem os dados necessários para o desfecho. Para caracterizá-la, as frequências de variáveis sociodemográficas, comportamentais e de saúde foram analisadas. O desfecho, dislipidemia, foi definido por níveis séricos de LDL >130 mg/dL e/ou triglicerídeos >150 mg/dL, conforme diretrizes internacionais. A prevalência desse desfecho, com intervalo de confiança de 95% (IC95), foi estimada para as três faixas etárias: 20-39, 40-59 e ≥60 anos. A amostra (n=954) foi composta majoritariamente por mulheres (61,7%) e idosos (68,3% com 60 ou mais anos). O perfil socioeconômico predominante foi de indivíduos de cor branca (76,0%) com escolaridade até o ensino fundamental (85,0%) e sem atividade remunerada (72,2%). Em relação aos hábitos e condições de saúde, a maioria era fisicamente inativa (96,6%), não tabagista (91,2%) e não etilista (95,1%). Além disso, a amostra apresentou alta prevalência de excesso de peso (67,9%), hipertensão (58,7%) e diabetes (22,5%). Em relação à dislipidemia, a prevalência foi maior na faixa etária intermediária (40-59 anos: 59%), seguida por idosos (≥60 anos: 52%) e, por fim, adultos jovens (20-39 anos: 34%). Este resultado contradiz a literatura, que geralmente aponta os idosos como a faixa com as maiores taxas. Uma possível explicação para isso é o viés de causalidade reversa, pois idosos com a doença provavelmente já estão sob tratamento com medicamentos e mudanças no estilo de vida, o que reduz os níveis lipídicos. Assim, eles tendem a apresentar melhores resultados laboratoriais. Essa observação reforça o papel fundamental da APS no diagnóstico e manejo de doenças crônicas.  Além disso, destaca a importância de adultos com mais de 40 anos procurarem ativamente serviços de saúde, mesmo que assintomáticos, para um rastreamento e tratamento precoce.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Pesquisa - Campus Passo Fundo