RELAÇÃO ENTRE DISLIPIDEMIA E USO DE ESTATINAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores

  • Paulo Dambros Filho UFFS- Passo Fundo
  • Guilherme Mamede da Costa Discente da Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Julia Helena Glesse Discente da Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Gustavo Olszanski Acrani Docente da Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Ivana Loraine Lindemann Docente da Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Rafael Kremer Docente da Universidade Federal da Fronteira Sul

Palavras-chave:

Atenção Básica, Estudos Transversais, Transtornos do Metabolismo dos Lipídeos, Inibidores de Hidroximetilglutaril-CoA Redutases

Resumo

A dislipidemia, uma alteração dos níveis de lipídios no sangue, aumenta o risco de aterosclerose e doenças cardiovasculares, que são as principais causas de morbimortalidade no Brasil. Na Atenção Primária à Saúde (APS), é fundamental identificar e manejar essa condição, focando em mudanças no estilo de vida e uso racional de medicamentos. As estatinas são o tratamento farmacológico de primeira escolha, comprovadamente eficazes na redução da lipoproteína de baixa densidade (LDL) e na diminuição de eventos cardiovasculares. A decisão de iniciar o tratamento com estatinas deve considerar o risco cardiovascular do paciente, metas terapêuticas e potenciais efeitos adversos, sempre com educação em saúde e acompanhamento contínuo. Esta pesquisa transversal, com aprovação ética, teve como objetivo avaliar a relação entre uso de estatinas e a presença de diagnóstico laboratorial de dislipidemia em usuários atendidos na APS. Para tanto, foram utilizados dados secundários de prontuários eletrônicos de pacientes com 20 anos ou mais, atendidos na APS do município de Marau (RS) em 2019. Foram excluídos da amostra aqueles com óbito no período ou sem registros necessários para delimitar o desfecho. A caracterização da amostra foi feita por meio de análise das frequências de variáveis sociodemográficas, comportamentais, de saúde e do uso de estatinas. O desfecho, diagnóstico laboratorial de dislipidemia, foi definido pela presença de níveis séricos de LDL >130 mg/dL e/ou triglicerídeos >150 mg/dL, conforme diretrizes internacionais. Para análise, realizou-se o cálculo da prevalência do desfecho com intervalo de confiança de 95% (IC95). Em seguida, avaliou-se a relação com o uso de estatinas, a variável independente, por meio do teste de qui-quadrado de Pearson, considerando um nível de significância de 5%. A amostra (n=954) foi composta majoritariamente por mulheres (61,7%), com 60 anos ou mais (68,3%) e indivíduos de cor branca (76,0%). No perfil socioeconômico, a maioria tinha até o ensino fundamental (85,0%) e não possuía trabalho remunerado (72,2%). Em relação aos hábitos de saúde, a amostra era predominantemente inativa fisicamente (96,6%), não tabagista (91,2%) e não etilista (95,1%). A maioria dos participantes apresentava excesso de peso (67,9%), hipertensão (58,7%) e, em menor proporção, diabetes (22,5%). Por fim, a maior parte da amostra não utilizava estatina (57,2%). A dislipidemia foi prevalente em 52% (IC95 48-55) dos pacientes. Desses, 53,3% dos pacientes com diagnóstico de dislipidemia não estavam em uso de estatinas, o que destaca uma lacuna na implementação do tratamento adequado (p=0,010). Além disso, 43,6% dos pacientes em tratamento com estatinas não apresentavam níveis lipídicos que se enquadrassem nos critérios de dislipidemia utilizados no estudo (p=0,010). Esse dado reflete a eficácia do manejo farmacológico, visto que a terapia com estatinas foi bem-sucedida em reduzir os níveis de colesterol e triglicerídeos para metas desejáveis. Esses achados reforçam a necessidade de aprimorar o rastreamento e o acompanhamento clínico-laboratorial na APS. É crucial garantir que portadores de dislipidemia recebam tratamento adequado e oportuno, que combine o manejo farmacológico com mudanças no estilo de vida. Ações educativas são fundamentais para a adesão terapêutica, otimizar o controle lipídico e, assim, reduzir complicações cardiovasculares na população.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Pesquisa - Campus Passo Fundo