RESÍDUO DE ANTIBIÓTICOS NO LEITE DE VACAS APÓS INFUSÃO UTERINA
Palavras-chave:
endometrite clínica; bovinocultura leiteira; antimicrobianos; infusão uterina; resíduos no leiteResumo
O Brasil atualmente possui cerca de 235 milhões de bovinos em seu território, destacando assim a relevância da pecuária na economia nacional, bem como a necessidade de aprimoramento do setor. Na bovinocultura, de maneira geral, as alterações reprodutivas ganham destaque. O útero das fêmeas domésticas torna-se vulnerável a infecções em períodos de abertura cervical, como no estro e no pós-parto, favorecendo a entrada de microrganismos e o desenvolvimento de processos inflamatórios, como a endometrite. Esta condição, caracterizada por inflamação do endométrio decorrente de infecção bacteriana, compromete o desempenho reprodutivo, atrasa a ciclicidade ovariana pós-parto, reduz as taxas de concepção e impacta o bem-estar animal. O diagnóstico da endometrite é dado pela palpação transretal, vaginoscopia e ultrassonografia, além da observação de expulsão de secreção mucopurulenta que permite classificar a endometrite de acordo com a severidade em CG1, CG2 e CG3. Quanto ao tratamento destaca-se o uso de antimicrobianos por meio de infusão uterina, destacando-se a Cefapirina Benzatina e a Gentamicina. Nesse contexto, objetivou-se com esse estudo avaliar a presença de resíduos no leite de vacas tratadas com diferente antibióticos por meio de infusão uterina. Para tanto, 30 fêmeas bovinas com diagnóstico de endometrite clínica, foram divididas em dois grupos: Grupo 1: Gentamicina (Gentrin®) n=15 e Grupo 2: Cefapirina Benzatínica (Metricure®) n=15. A infusão uterina, consiste na introdução de um aplicador na forma de pipeta estéril na vagina do animal, evitando contato com a parte externa da vulva, passando pela vagina e anéis cervicais de forma auxiliada pela palpação transretal, onde por fim, a solução deve ser depositada no lúmen uterino. Após a infusão, amostras de leite foram coletadas durante cinco dias em tubos de polietileno de 10 mL, a cada 24 horas, congeladas e posteriormente analisadas pelo método DELVOTEST® na Universidade de Passo Fundo (UPF). A estatística foi realizada utilizando o programa SAS (Statistical Analysis System). No grupo 1, apenas uma amostra (6,7%) apresentou resíduos no primeiro dia (D1), resultado sem significância estatística (p<0,05). Já no grupo 2, o tratamento com cefapirina benzatina, seis amostras de leite (40%) apresentaram resíduos em D1, sem detecção nos dias subsequentes. Esses achados indicam que a cefapirina benzatina pode ocasionar resíduos no leite nas primeiras 24 horas após a aplicação intrauterina. Nenhum dos fármacos apresentou resíduos no leite nos dias subsequentes (D2 a D5). A presença de resíduos está relacionada à absorção pela mucosa uterina, que em condições inflamatórias, poderia se relacionar ao aumento da vascularização e da permeabilidade endometrial, favorecendo a absorção do fármaco e sua distribuição sistêmica, incluindo a secreção pela glândula mamária. Assim, mesmo sem administração sistêmica, os antimicrobianos poderiam ser eliminados no leite. Conclui-se que a infusão intrauterina pode resultar em resíduos detectáveis, dependendo tanto do antimicrobiano utilizado quanto da resposta individual de cada animal. Neste estudo, a gentamicina não gerou resíduos após o tratamento, enquanto a cefapirina apresentou eliminação detectável apenas no primeiro dia pós-aplicação.
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