ENTRE A VISÃO E A VULNERABILIDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE VISITA DOMICILIAR AOS IDOSOS NO BAIRRO DE PASSO FUNDO, RS
Palavras-chave:
Catarata;, Saúde do Idoso, Atenção Primária, Vulnerabilidade, Saúde ColetivaResumo
Durante as atividades de imersão no Componente curricular de Saúde Coletiva III e IV, do curso de medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS, Campus Passo Fundo/RS, foram realizadas visita domiciliar voltadas aos idosos no bairro Santa Marta. Dentre elas, destaca-se a visita realizada a uma senhora de 68 anos, aposentada, que vive em contexto de
vulnerabilidade social, familiar e emocional. Entre os principais problemas de saúde identificados, destaca-se a presença de catarata em ambos os olhos, condição que já não é compensada pelos óculos de grau e compromete significativamente sua qualidade de vida. A catarata é uma opacificação progressiva do cristalino ocular que leva à perda gradual da visão, sendo comum em idosos e considerada uma das principais causas de cegueira reversível no mundo. No caso visitado, a limitação visual dificulta atividades básicas e instrumentais da vida diária, como o preparo de alimentos, administração de medicamentos e mobilidade dentro da
residência, aumentando o risco de quedas. Durante as visitas domiciliares, ela relatou sentir-se desanimada, com sintomas moderados de depressão, agravados pela limitação visual, que contribui para o isolamento e perda de autonomia. Em avaliações como a Escala de Depressão Geriátrica e o protocolo VES-13, observou-se um perfil de fragilidade moderada, reforçando a importância de ações de cuidado integrado. A experiência vivida permitiu compreender como a catarata, quando não tratada, não apenas compromete a saúde física, mas também interfere diretamente na saúde mental e emocional do idoso. A dificuldade de acesso a serviços
especializados, como cirurgia oftalmológica, somada à ausência de rede de apoio familiar efetiva, aprofunda a sensação de impotência vivida pela idosa. No contexto da prática em saúde coletiva, foi possível estabelecer um vínculo de confiança, identificar barreiras no cuidado e propor ações terapêuticas simples, como o uso de uma caixa organizadora de medicamentos com letras ampliadas, além de orientações quanto à importância do acompanhamento oftalmológico. Esta vivência reforça a importância do olhar integral sobre o idoso, destacando o papel da Atenção Primária em reconhecer condições como a catarata não apenas como uma doença ocular, mas como um fator que contribui para o adoecimento global do indivíduo, especialmente quando associado a aspectos psicossociais e familiares. O caso evidencia a relevância das visitas domiciliares como estratégia de cuidado humanizado e efetivo na construção de propostas terapêuticas individualizadas e compartilhadas.
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