OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO CONTINUADA FRENTE A RACIONALIDADE INSTRUMENTAL (IM)POSTA PELA INTERNACIONALIZAÇÃO DOS CURRÍCULOS

Autores

  • Claucí Corradi Zanesco Universidade Federal Fronteira Sul
  • Gizela Vanessa Hack
  • Leandra Christina Coldebella
  • Marilane Maria Wolff Paim

Palavras-chave:

Currículo, Formação Continuada, Internacionalização

Resumo

Nas últimas décadas, tem se consolidado no Brasil, um movimento coordenado por organismos multilaterais, como o Banco Mundial e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em articulação com empresas do terceiro setor, voltado à implementação de uma agenda educacional global centrada na internacionalização dos currículos. Iniciado no Ensino Superior, esse movimento tem avançado de forma significativa sobre as políticas curriculares da Educação Básica, especialmente com a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no ano de 2017. Fundamentadas em um discurso que associa o serviço público à burocracia e à ineficiência, empresas do terceiro setor, por meio de suas fundações, associações e organizações não governamentais, como é o caso do Movimento Todos pela Educação, vêm exercendo influência direta sobre as políticas públicas educacionais, atuando desde a formulação até o controle da execução dessas políticas, inclusive por meio das formações continuadas destinadas aos docentes. Diante desse cenário, o presente estudo tem como objetivo, a partir de uma pesquisa qualitativa de procedimento bibliográfico e documental, analisar os desafios da constituição da formação continuada docente na perspectiva histórico-crítica, frente à racionalidade instrumental (im)posta pelo processo de internacionalização dos currículos. Os estudos destacam que a partir da implementação da BNCC, houve um crescente alinhamento aos interesses neoliberais nos currículos da Educação Básica. Entre os fatores que se articulam nesse objetivo estão a constituição curricular por meio de competências e habilidades voltadas ao mercado de trabalho, à padronização, às avaliações de larga escala como controle de qualidade da oferta educacional enquanto capital social, o fortalecimento de lógica gerencial de controle de resultados na gestão educacional e a contrariedade da Educação Inclusiva estabelecida por meio da competição. Diante disso, se fortalece, por meio da formação continuada docente, um modus operandi para a implementação desses ideais no cotidiano educativo, a exemplo da Base Nacional Comum para a Formação Continuada de Professores da Educação Básica. Esse processo resulta em formações concebidas como treinamentos com base na racionalidade instrumental, muitas vezes ofertadas por empresas do terceiro setor ligadas ao Movimento Todos pela Educação. Assim, é urgente compreender esses desafios que impedem ou dificultam os processos formativos docentes numa perspectiva histórico-crítica, que objetivam a construção de uma prática pedagógica democrática, reflexiva e inclusiva. Se faz necessária a resistência frente ao avanço do setor privado na educação pública, sobretudo, sobre a formação inicial e continuada dos professores, que são, quem de fato podem, em seus contextos educacionais, ressignificar as políticas públicas (im)postas.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências Humanas - Pesquisa - Campus Erechim