Estudo de metáforas ambientais em campanhas veiculadas pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima
Palavras-chave:
metáfora conceptual, metáforas ambientais, gênero discursivo propagandaResumo
O presente resumo apresenta os resultados de uma pesquisa acerca de metáforas ambientais desenvolvida desde 2023, a qual deu origem ao Trabalho de Conclusão de Curso produzido e orientado pelos autores, além de ter integrado o plano de trabalho de pesquisa desenvolvido no âmbito do Programa de Educação Tutorial Assessoria Linguística e Literária da UFFS, Campus Chapecó (PET ALL) de 2023 a 2025. A pesquisa investiga o uso de metáforas conceptuais em campanhas ambientais promovidas pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), em parceria com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), no período de 2010 a 2019. A pesquisa analisa três metáforas ambientais específicas: NATUREZA É DINHEIRO, NATUREZA É PRODUTO e NATUREZA É GENTE. O estudo teve como objetivo identificar de que maneiras essas metáforas ambientais estão presentes nas campanhas governamentais e o tipo de responsabilização inferido, analisando como o compromisso com a preservação ambiental pode ser atribuído aos indivíduos ou à coletividade. Além disso, o estudo busca compreender como os elementos da natureza são socialmente categorizados e quais funções da linguagem predominam em cada campanha, influenciando as inferências sobre responsabilidade ambiental. Este estudo se justifica em duas vertentes: uma social e outra científica. Do ponto de vista social, a emergência climática demanda não apenas atenção, mas também ação, educação cidadã e um compromisso coletivo com a preservação ambiental. A pesquisa busca ir além do discurso científico, promovendo a integração de conhecimentos de diferentes áreas e sua aplicação no cotidiano da sociedade. Do ponto de vista científico, preenche lacunas na pesquisa acadêmica sobre metáforas ambientais, especialmente na interseção entre a Linguística Cognitiva e a Linguística Ambiental, além de dialogar com estudos sobre gêneros discursivos, como a propaganda. O embasamento teórico principal se sustenta sobre a Teoria da Metáfora Conceptual (TMC), que explica como as metáforas permeiam não apenas a linguagem e a literatura, mas também o pensamento e a ação. A pesquisa também se insere na interface entre a Semântica Cognitiva e a Linguística Ambiental. Metodologicamente, foram selecionadas e analisadas 33 campanhas publicitárias do gênero propaganda, veiculadas pelo MMA, a fim de avaliar criticamente as estratégias retóricas utilizadas e suas implicações para a atribuição de responsabilidades pela preservação ambiental. Quanto aos resultados, a hipótese inicial considerava que as metáforas poderiam evidenciar uma responsabilidade compartilhada entre indivíduos, instituições, empresas e indústrias. Tal suposição fundamenta-se no fato de as campanhas serem promovidas por um órgão integrante da estrutura administrativa da República Federativa do Brasil, cuja atuação se espera voltada ao interesse público e à promoção de ações coletivas em prol de uma sociedade sustentável, concebida em sua integralidade. No entanto, os resultados mostram que essa hipótese não se confirma: das 33 campanhas analisadas, 22 (67%) concentram a responsabilização no indivíduo, enquanto apenas 11 (33%) adotam uma perspectiva coletiva ou institucional. Conclui-se que esse movimento se configura como uma forma de isenção do próprio Estado, que transfere ao cidadão comum o peso das soluções ambientais, silenciando o papel dos setores produtivos nas causas da degradação ambiental.
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Copyright (c) 2025 Adrian Velasque, Profa. Dra. Morgana Fabiola Cambrussi

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