A ESCRITA DE CARTAS PEDAGÓGICAS NO PROCESSO DE (AUTO)FORMAÇÃO DOS DOCENTES DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Palavras-chave:
Cartas Pedagógicas, Docência na Educação Infantil, Formação ContinuadaResumo
Este relato aborda a experiência de um coletivo de docentes da Educação Infantil, a partir das ações de formação continuada do Programa Leitura e Escrita na Educação Infantil (LEEI-Sul), no polo de Presidente Castello Branco/SC, vinculado ao Programa do Governo Federal Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA), instituído por meio do Decreto Presidencial n. 11.556, de 12 de junho de 2023. O movimento formativo do Projeto LEEI, além de instigar os estudos sobre a perspectiva de trabalho com a leitura e escrita na infância, objetivou a construção de um processo autoformativo, reflexivo e de compartilhamento entre pares, que passou a ser registrado por meio da escrita de cartas pedagógicas pelas docentes que participavam como cursistas e formadoras da ação. Ao (a/de)nunciar suas análises, reflexões, articulações teórico-práticas construídas ao longo da formação continuada e em seus cotidianos, nas suas narrativas, as docentes puderam exercer um importante ato político-pedagógico vinculada à análise da transformação de sua atuação junto às crianças. Estudos destacam a urgência da ressignificação das formações continuadas para além das concepções racionalistas de treinamento instrumental. Assim, o processo (auto)formativo abrange a compreensão do espaço da escola e do cotidiano docente como lócus para as articulações entre teoria e prática, fatos relatados nas narrativas das cartas pedagógicas construídas pelo coletivo do Polo LEEI - Presidente Castello Branco/SC. O fortalecimento das cursistas como sujeitos do seu processo formativo foi fundamental na constituição da escrita sobre a docência na Educação Infantil, sobretudo, pelo fato de que essa profissão ainda é fragilizada por questões histórico-culturais que ligam a ação docente a caráter assistencialistas e/ou preparatórios, e, por políticas públicas de formação inicial e continuada fragmentadas. Esse cenário dificulta a construção da identidade docente vinculada ao respeito à criança como sujeito histórico e de direitos e ao desenvolvimento de um currículo sensível, ético e atento às suas especificidades. Outro fator preponderante nesse movimento de escrita foi a (des/re)construção das concepções de infância e linguagem e de leitura e escrita na Educação Infantil, para além da compreensão do processo de aquisição do código alfabético e de um ensino técnico e mecânico, desprovido de sentido. Esse movimento, engendrado na formação continuada do LEEI desencadeou importantes debates que reverberaram as percepções das cursistas acerca dos eixos estruturantes das práticas pedagógicas (interações e brincadeira), do currículo da Educação Infantil, dos processos formativos e de gestão, das múltiplas linguagens da infância e do cotidiano das escolas. Os resultados desse movimento estão materializados na escrita de doze cartas pedagógicas, de autoria de docentes cursistas e formadoras do LEEI, publicadas na obra (Trans)formando narrativas em cartas pedagógicas: a infância pelas lentes dos docentes da educação infantil. Assim, os saberes formativos, pedagógicos e da experiência se entrelaçam, em um movimento (auto)formativo que busca a contingência, a publicidade pela escrita docente e o compartilhamento deste novo conhecimento produzido. Acredita-se, que a construção das cartas pedagógicas num processo reflexivo e ético, possibilita a ressignificação das práticas docentes e a melhoria das aprendizagens e do desenvolvimento infantil.
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