“NÃO QUERO, NÃO CONSIGO SER PROFESSOR(A) DE FÍSICA”: UM ESTUDO DA REALIDADE DO IFC - CAMPUS CONCÓRDIA

Resumo

O curso de Licenciatura em Física do Instituto Federal Catarinense (IFC) - Campus Concórdia foi criado em 2010, tendo sua primeira turma iniciada no primeiro semestre de 2011. Sua criação teve como intuito suprir a carência de profissionais habilitados na área de Física na região do Alto Uruguai Catarinense. O curso é ofertado de forma presencial e possui duração de oito semestres, correspondente a quatro anos. Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados iniciais de uma pesquisa que visa compreender as causas da evasão discente do curso de Licenciatura em Física. Tais resultados se ancoram nos dados coletados na instituição. A oferta do curso atende a determinação da Lei 11.892/2008, que determina a obrigatoriedade de os Institutos Federais destinarem, no mínimo, 20% de suas vagas visando à formação dos professores. A metodologia adotada caracteriza-se como pesquisa quanti-qualitativa, com uma abordagem bibliográfica e análise documental de dados institucionais, por meio do Censo Interno da instituição. Foram considerados dados relacionados à taxa de evasão, ao índice de eficiência acadêmica, ao número de concluintes e a situação dos estudantes ativos. Os dados analisados referem-se ao período de abril de 2020 a novembro de 2024. Nesse intervalo, observa-se uma queda expressiva de 71,26% no número de estudantes frequentando o curso, acompanhada por um aumento de 100,04% na taxa de evasão, além de uma redução de 69,44% no número de estudantes concluintes. Esses dados nos levam a refletir: porque os jovens não querem (ou não conseguem) ser professores(as) de Física? Entre os achados deste estudo, observou-se a ausência de dados e pesquisas acerca dos motivos que conduzem aos altos índices de evasão no curso de Licenciatura em Física do IFC - Campus Concórdia, o que indica a necessidade de continuidade das pesquisas. Nesse sentido, a partir da revisão de literatura de outros estudos desenvolvidos em condições semelhantes, são apontadas hipóteses das condições da desistência do discente no curso de Física. Entre os motivos estão as dificuldades de aprendizagem, associada a pouca sensibilidade dos docentes em relação a isso. Outros estudos reforçam essa perspectiva ao destacar como principais fatores de evasão discente a precariedade nas políticas de permanência estudantil no curso de Física e as dificuldades de aprendizagem associadas à processos avaliativos fragmentados e desconectados. Esses fatores são fortalecidos pelo desalento à construção de uma carreira docente. Desse modo, diversos fatores podem contribuir para a evasão, tais como, a desvalorização do trabalho docente, o baixo prestígio social do curso, o alto índice de reprovação nas disciplinas, originadas nas dificuldades de aprendizagem e a ausência de políticas de permanência. E, para tal, justifica-se a necessidade de ampliação deste estudo a partir de uma pesquisa de campo com os ex-estudantes a fim de compreender e combater a evasão discente dos cursos de Licenciatura em Física.