CULTURA ESCRITA E LETRAMENTO MATEMÁTICO
O LIVRO DIDÁTICO COMO OBJETO MULTIFACETADO
Palavras-chave:
políticas públicas educacionais, práxis, Paulo Freire, PNLD, Novo Ensino MédioResumo
Este trabalho, fragmento de um projeto de pesquisa de Mestrado em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH) da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Erechim, traz para o centro das discussões o livro didático em Matemática, a partir da concepção de Paulo Freire, como recurso nos processos de ensino e aprendizagem no âmbito do Novo Ensino Médio. Diante disso, objetiva-se analisar as relações entre os aspectos históricos do livro didático em Matemática, a práxis docente, as pesquisas no âmbito educacional e as políticas públicas de escolarização. Este excerto de estudo aqui delineado caracteriza-se uma abordagem qualitativa interdisciplinar, exploratória quanto aos objetivos e bibliográfica no que concerne aos procedimentos metodológicos adotados. As ideias e as leituras de Paulo Freire – tanto críticas e denunciantes do caráter bancário do ensino nos moldes capitalistas vigentes como anunciantes e esperançosas com o papel crítico, libertador e emancipador da educação – são tomadas enquanto pressuposto teórico-metodológico fundamental, adotando a interdisciplinaridade como diretriz à medida que se propõe a avançar além das fronteiras disciplinares, articulando, transpondo e gerando conceitos, teorias e métodos, com vistas a estabelecer pontes entre diferentes níveis de realidade. Tal contexto reverbera os enlaces epistemológicos e praxiológicos entre políticas públicas educacionais e curriculares, profissionalidade docente e edição, publicação, circulação e aproveitamento de livros didáticos, aspectos os quais corroboram a premissa acerca da seleção e exploração dos livros didáticos em Matemática como fatores que podem favorecer a manutenção das desigualdades sociais ou, por outro lado, contribuir para formar indivíduos questionadores, atuantes e transformadores da sociedade em que vivem por meio da Educação Matemática com vistas à cidadania crítica e emancipadora. Desse modo, livros didáticos que priorizam a problematização de forma contextualizada e contemplam múltiplas possibilidades de elaboração de resoluções e respostas são, certamente, aliados em projetos educacionais que almejam a formação de seres livres e autônomos. Notabilizam-se, assim, as conexões que se compõem a partir das políticas públicas de ensino e os percursos gnosiológicos na docência em Matemática e salienta-se o livro didático enquanto elemento político e documento histórico: portador do saber a ser apreendido e internúncio de orientações que influenciam o ato pedagógico. A escolha e o uso que é feito dos livros didáticos em Matemática são ações cujos impactos ultrapassam a sala de aula e interferem peremptoriamente na qualidade da educação, inclusive ao se considerar aspectos como identidade e representatividade. Sob essa perspectiva, os livros didáticos em Matemática não podem ser replicadores de informações atrelados a interesses socioeconômicos, mas recursos coadjuvantes no processo de ensino e aprendizagem, cujo protagonismo é exercido por educadores e educandos. A investigação permite inferir que os livros didáticos de Matemática, atravessados por complexas relações subjetivas e intersubjetivas, transcendem os padrões bancários da educação e se coadunam à educação como prática da cidadania crítica e emancipadora à proporção que sobressai a profissionalidade docente.
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