DIFERENÇAS ENTRE MULHERES IMIGRANTES EM RELAÇÃO À PRÁTICA DO AUTOCUIDADO COM A SAÚDE DO CORPO FEMININO
Palavras-chave:
cuidado de enfermagem; saúde da mulher; saúde de migrantes; comunicação em saúde; assistência de enfermagemResumo
A imigração no Brasil tem se intensificado nos últimos anos, acarretando desafios e oportunidades para o sistema de saúde. Esse processo migratório traz consigo uma série de mudanças significativas na vida das mulheres, com impactos sociais, culturais e econômicos, além das barreiras para acessar os serviços de saúde, englobando a comunicação. Desse modo, ao observar a inserção das mulheres migrantes nos serviços de saúde por busca de atendimento voltado à condição ginecológica, é possível perceber que, entre as imigrantes, existe uma notável diferença no comportamento das mulheres venezuelanas e haitianas. Este trabalho objetiva traçar um comparativo entre mulheres imigrantes venezuelanas e haitianas em relação à prática de autocuidado, com foco na saúde do corpo feminino. A pesquisa adotou uma abordagem prática e comparativa, baseando-se em observações diretas provenientes de atendimentos realizados em unidades de saúde no oeste catarinense, bem como de reflexões e experiências vivenciadas no decorrer de atividades teórico-práticas vinculadas a um curso de graduação em Enfermagem de uma universidade federal. Embora não tenham sido mensurados dados quantitativos formais, as atividades práticas incluíram a análise comparativa de atendimentos prestados a mulheres venezuelanas e haitianas. Foram observadas características como o conhecimento corporal, com foco nas percepções do corpo feminino; a proatividade na busca por cuidados de saúde; a comunicação com os profissionais e a adesão às consultas ginecológicas. Os resultados mostraram que as mulheres venezuelanas apresentam um elevado nível de conhecimento sobre o próprio corpo evidenciado pela postura ativa e comunicativa durante os atendimentos de saúde. Nas consultas ginecológicas elas questionaram as enfermeiras sobre sintomas e tratamentos relacionados à saúde íntima, além de buscarem ativamente o serviço, o que favorece a continuidade do cuidado. Em contraste, percebeu-se que as mulheres haitianas enfrentam barreiras linguísticas significativas, o que dificulta a comunicação com as equipes de saúde e compromete a qualidade do atendimento. Essas dificuldades influenciam negativamente a adesão ao tratamento e a frequência às consultas. Conclui-se que o conhecimento corporal das usuárias e a comunicação entre elas e os profissionais da saúde podem contribuir na qualidade do cuidado ofertado. As mulheres venezuelanas, por serem mais proativas e comunicativas, tendem a apresentar melhores resultados em termos de adesão ao tratamento e continuidade do cuidado. Por outro lado, as barreiras
enfrentadas pelas mulheres haitianas evidenciam a necessidade de estratégias de acolhimento e inclusão, como a oferta de suporte linguístico e cultural. Nesse contexto, é necessário considerar as políticas de saúde já existentes a mulheres migrantes venezuelanas e haitianas no Brasil, a fim de compreender a sua organização e determinar possíveis influências das nuances políticas na qualidade da assistência. Assim, evidencia-se que o cuidado de saúde voltado às mulheres migrantes deve ser adaptado às necessidades específicas de cada grupo e considerar o contexto sociocultural, com a finalidade de garantir um atendimento mais inclusivo, humanizado e eficaz.
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