SEXUALIDADE E INFÂNCIA(S)

Autores

  • SABRINA COLLE BORTOLI Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Elise de Moraes

Palavras-chave:

Sexualidade; Infância; Criança; Violência.

Resumo

Em nossa sociedade, pensar sobre as crianças como seres providos de sexualidade ainda
parece algo incomum para muitos, e esse fato exprime-se através da insegurança que é
geralmente manifestada ao se tratar sobre o assunto em diferentes contextos. A sexualidade,
de modo comum, é tida como um “tabu”, fazendo com que seja evitada, tanto nas famílias
quanto nas escolas e demais espaços sociais. Entretanto, os estudos acerca da sexualidade
dão luz à essa realidade, permitindo a desmistificação da temática, e estendendo sua
compreensão para o entendimento na sexualidade como constituinte da infância. É nesse
contexto que se torna possível a percepção da criança como um ser dotado de sexualidade.
Uma sexualidade que se expressa na curiosidade em relação ao próprio corpo e ao corpo do
outro, na descoberta de sensações e possibilidades, sendo pertencente à criança desde sua
constituição e que, sendo natural, em nada se assemelhará com ao ato sexual, que é próprio
dos adultos. A noção da sexualidade presente nas infâncias pode constituir-se como uma
importante aliada nas relações estabelecidas com as crianças, tornando os adultos mais
preparados para compreender estes sujeitos, suas expressões e questionamentos. Nesse
sentido, o próprio corpo pode representar uma aventura de inúmeras descobertas: o seu
reconhecimento; as sensações que é capaz de produzir; as habilidades alcançadas com o
decorrer do desenvolvimento; o conhecimento da nomenclatura estabelecida socialmente
para as partes do corpo, e a descoberta de suas possibilidades; a curiosidade sobre os órgãos
pelos quais urinam e evacuam, e que costumam estar cobertos por roupas, entre tantas
outras. Além disso, surgem as curiosidades a respeito do corpo do outro, o desejo em
comparar-se, em observar o corpo de seus pares. Também, a curiosidade em estabelecer
relações: abraços, carícias, toques afetuosos. Uma visão respeitosa acerca da sexualidade
infantil permite que as dúvidas das crianças sejam sanadas da maneira correta, que ela
aprenda a cuidar e proteger o próprio corpo, que entenda os limites entre seu corpo e o do
outro, que saiba nomear as partes do corpo corretamente e, assim, além de ser respeitada, a
criança passa a estar mais protegida em relação a violências, como a violência sexual. A
criança é um sujeito de direitos, que devem ser garantidos e assegurados pela sociedade.
Pode-se dizer que a desmistificação da sexualidade infantil não deixa de ser um direito, que
permite o reconhecimento destes sujeitos em sua totalidade e assim, também, o seu direito
à proteção contra a violência sexual, através da informação.

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Publicado

30-09-2024

Edição

Seção

Ciências Humanas - Ensino - Campus Erechim