DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA INSERÇÃO DA CULTURA COMO PILAR NA FORMAÇÃO MÉDICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores

  • Yara Juarez Teixeira dos Santos UFFS
  • Giovana Bergamasco da Fontoura UFFS
  • Cláudio Claudino da Silva Filho UFFS
  • Cláudio Claudino da Silva Filho UFFS

Palavras-chave:

Cultura; Formação Médica; Experiências; Sistema Único de Saúde; Integralidade.

Resumo

A formação médica em uma universidade pública deve considerar diversos aspectos que vão além da simples aquisição de conhecimentos técnicos. Segundo a Resolução CNE/CES nº 3, de 20 de junho de 2014, o currículo dos cursos de medicina no Brasil deve “promover a integração e a interdisciplinaridade em coerência com o eixo de desenvolvimento curricular, buscando integrar as dimensões biológicas, psicológicas, étnicoraciais, socioeconômicas, culturais, ambientais e educacionais”. Esse trabalho tem como objetivo geral refletir sobre as contribuições da cultura como pilar na formação médica. Trata-se de um relato de experiência, a partir da trajetória de acadêmicas de Medicina, de uma universidade pública da Região Sul do Brasil, ao se engajarem como programas, projetos e ações de cultura que objetivam extrapolar os muros universitários e ampliar as trocas com o Sistema Único de Saúde (SUS). Como resultados, as ações de cultura oferecidas pela universidade permitiram aos discentes de medicina vivenciar e refletir sobre a diversidade cultural, promovendo uma formação integral e humanista que os prepara para lidar com a complexidade do atendimento à saúde em uma sociedade plural e diversa.  Essas iniciativas culturais proporcionam aos estudantes uma compreensão mais profunda dos determinantes sociais, comportamentais, psicológicos, ecológicos, éticos e legais do processo saúde-doença. Ao participarem dessas atividades, os estudantes têm a oportunidade de interagir com diferentes expressões culturais e desenvolver uma maior sensibilidade para as questões que envolvem o atendimento em saúde numa sociedade cada vez mais adoecida. Essas experiências contribuem para uma formação que valoriza não apenas o acúmulo de conhecimento técnico, mas também a capacidade de aplicar esse conhecimento de maneira empática e inclusiva, respeitando as especificidades de cada indivíduo e comunidade. O conceito de competência cultural é particularmente relevante nesse contexto, especialmente na Atenção Primária à Saúde (APS) e Medicina de Família e Comunidade (MFC), sendo uma resposta à diversidade étnica e cultural das sociedades modernas e que busca integrar as crenças e práticas das diferentes comunidades no atendimento à saúde. Ao fazer isso, o SUS se torna mais inclusivo e adaptado às necessidades específicas de cada grupo, o que é fundamental para promover o acesso equitativo e a adesão ao tratamento. Conclui-se que a formação médica deve incluir uma compreensão aprofundada da influência da cultura no processo de adoecimento e na relação médico-paciente, promovendo uma prática clínica mais empática e integral. Ademais, a Antropologia da Saúde oferece uma perspectiva valiosa para entender como a cultura interfere na atenção à saúde, não apenas como uma técnica, mas como uma maneira de compreender as diversas interações que ocorrem no ambiente de trabalho e na relação com os pacientes. Este campo de estudo enfatiza a importância de um olhar crítico sobre a prática clínica, que deve ser pautada pela empatia, pelo vínculo e pela integralidade da atenção, desafiando o paradigma da fragmentação e hiperespecialização. Portanto, a formação médica não deve se limitar ao ensino de conteúdos disciplinares prescritos, mas sim promover uma educação que considere a complexidade da saúde e da doença em um contexto histórico, social e, principalmente, cultural. 

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Publicado

24-09-2024

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Extensão & Cultura - Campus Chapecó