VAGINOSCOPIA DIAGNÓSTICA E CIRÚRGICA DE ALTERAÇÃO VAGINAL EM CANINO– RELATO DE CASO

Autores

  • Pauline Silva dos Santos Universidade Federal da Fronteira Sul- campus Realeza
  • Heloísa Vieira Cordeiro
  • Fabiana Elias
  • Gentil Ferreira Gonçaves
  • Fabíola Dalmolin

Palavras-chave:

sarcoma, neoplasia, oncologia

Resumo

O sarcoma de colo uterino em cadelas é neoplasma maligno do tecido conjuntivo e cursa com secreção vaginal anormal, dor abdominal e sangramento. O diagnóstico é com exames de imagem, biópsia e o tratamento envolve cirurgia, quimioterapia e, em alguns casos, radioterapia. O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de sarcoma em coto uterino de fêmea canina, nove anos, castrada precocemente, com vulva infantil e secreção vaginal serosanguinolenta há mais de 15 dias. Ao exame ultrassonográfico verificou-se neoformação cavitária associada a acúmulo de fluido intrauterino e vaginal, aderência e/ou infiltração de massa em coto uterino e vagina. O animal foi encaminhado para vaginoscopia em decúbito esternal, utilizando endoscopio de 5 mm e 30º; visualizou-se o aumento de volume em região cranial da vagina junto à presença de muito muco. Por acesso retroumbilical foi localizado o coto uterino e realizada adesiólise deste da vesícula urinária, uretra e ureteres, sendo removidos restos de náilon da castração prévia; procedeu-se à abertura do coto e remoção da massa vaginal, seguido de  cauterização bipolar e fechamento abdominal padrão. A massa, de consistência gelatinosa, foi enviada para histopatológico e obteve-se resultado inconclusivo. Após cinco meses, o animal apresentou constipação intestinal e dificuldade de micção; à palpação retal identificou-se massa firme na região de corpo uterino/vagina, e ao exame ultrassonográfico neoformação na região com possível aderência à vesícula urinária e cólon descendente. O animal foi encaminhado para celiotomia, quando observou-se massa granulosa aderida ao cólon descendente e colo da VU se estendendo caudalmente em torno da uretra; realizou-se dissecção e liberação da uretra e intestino; a massa foi enviada para histopatologia e o diagnóstico foi de sarcoma, sendo a paciente encaminhada para quimioterapia. A vaginoscopia é técnica minimamente invasiva, valiosa no diagnóstico de lesões luminais e na coleta de biópsia, assim como definição do acesso cirúrgico, principalmente quando o animal apresenta limitações anatômicas, como a vulva infantil, que neste caso dificultou a inspeção pelo exame físico e poderia dificultar a cirurgia. A técnica pode ser associada a métodos diagnósticos, para avaliação completa, neste caso, com a ultrassonografia. Sarcomas são tumores malignos de origem mesenquimal, de tecidos como músculos, ossos e conjuntivo; no coto uterino, a transformação maligna do tecido residual pode ser desencadeada por inflamação crônica, irritação persistente ou fatores genéticos; materiais de sutura não absorvível têm sido associados ao desenvolvimento de sarcomas em animais, como neste caso, que estava presente. O principal tratamento desta neoformação é a exérese, que pode incluir excisão do coto uterino remanescente, nesse caso realizada parcialmente na primeira cirurgia, associada à cauterização. Dependendo da extensão da alteração e metástases, a quimioterapia pode ser tratamento adjuvante, como neste caso. A vaginoscopia é ferramenta útil no diagnóstico, com vantagem de visualização, biópsias e definição de acesso cirúrgico no mesmo ato operatório, de maneira minimamente invasiva. No entanto, devido às suas limitações, ela deve ser utilizada em conjunto com outras técnicas diagnósticas, de maneira a alcançar o diagnóstico preciso e tratamento eficaz.

 

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Publicado

10-10-2024

Edição

Seção

Ciências Agrárias - Extensão & Cultura - Campus Realeza