O CAMPESINATO NEGRO NA FRONTEIRA SUL DO BRASIL (SÉCULO XIX AO TEMPO PRESENTE):
DEBATES INICIAIS
Palavras-chave:
Campesinato Negro; Pós-Abolição; Quilombolas.Resumo
O contexto pós-abolição é marcado por diferentes estratégias da população negra para sobrevivência e permanência em diferentes espaços do Brasil. Alguns resistiram em espaços que hoje são urbanos. Outros resistiram em território rural, formando um campesinato negro. Essa forma de organização foi se modificando ao longo do tempo, por questões principalmente externas, marcadas por conflitos, permanência e resistência. O objetivo da pesquisa é, portanto, analisar comunidades quilombolas rurais no contexto do pós-abolição com ênfase na formação, permanência, resistências e conflitos no desenvolvimento do campesinato negro na fronteira Sul do Brasil (século XIX ao tempo presente). Tem como objetivos específicos: conhecer a história e a trajetória negra nos territórios da Invernada dos Negros (SC) e Mormaça (RS); analisar as formas de produção, as características e os desafios do campesinato negro; observar as relações sociais e os processos de resistência e permanência; compreender os conflitos, especialmente agrários, vivenciados pelos camponeses negros; registrar a presença e a ação das camponesas negras; mapear o patrimônio material e imaterial que reforcem o campesinato negro dessas comunidades. O estudo se justifica pela necessidade de aprofundar temas do pós-abolição onde, por muito tempo, a colonização esteve no foco das pesquisas. Na região Sul do Brasil observamos muito presente a ideia republicana do branqueamento da população trazendo consequências ainda maiores para os camponeses negros. Diante disso, a presente pesquisa, que se encontra em fase inicial, contribuirá para o debate sobre o tema e para a história da nossa região. A opção pelas comunidades quilombolas Invernada dos Negros (Campos Novos/Abdon Batista-SC) e Mormaça (Sertão/RS), se deu após mapeamento das comunidades rurais existentes na Fronteira Sul. A comunidade de Mormaça foi reconhecida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em 2015, com uma área de 410 hectares. Já a Invernada dos Negros recebeu da Fundação Palmares, em 2004, a Certidão de Autorreconhecimento como remanescente de quilombo. Nossa pesquisa, além de documentos cartoriais, judiciais e jornalísticos, trabalhará com a oralidade a fim de reconstituir a formação das comunidades negras, da forma de trabalho no campesinato negro, dos conflitos e resistências. Nesta fase inicial, já temos registros de óbito, de quilombolas da Invernada dos Negros, que descrevem a profissão dos homens como “lavradores” e das mulheres como “domésticas”, forma como eram registradas no período. Assim, as fontes já demonstram a presença desse campesinato negro e são o ponto de partida para aprofundar a pesquisa.
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