OVARIECTOMIA VIDEOASSISTIDA EM CANINA COM SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS: UM RELATO DE CASO

Autores

  • Maria Helena Moreno Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Rafaela Nogueira da Costa
  • Pauline Silva dos Santos
  • Heloisa Vieira Cordeiro
  • Paulo Henrique Braz
  • Luciana Pereira Machado
  • Fabíola Dalmolin
  • Vitor Ângelo Musial

Palavras-chave:

cirurgia laparoscópica, ovário, estresse cirúrgico, castração

Resumo

A castração eletiva ou terapêutica de fêmeas é frequente na clínico-cirúrgica de cães, com diversas técnicas possíveis, como a ovariohisterectomia (OVH) e a ovariectomia (OVE) por acesso aberto ou videocirúrgico, que tem inúmeras vantagens. Este trabalho tem como objetivo relatar uma OVE laparoscópica em cadela de seis anos, Ovelheiro Gaúcho, 27,60 kg com pseudociese, alopecia, aumento de peso, hipercolesterolemia e nodulação mamária após a última gestação. À ultrassonografia abdominal verificou-se múltiplos cistos e estruturas semelhantes a corpos lúteos ovarianos (síndrome dos ovários policísticos), sendo optado pela OVE e nodulectomia, devido à citologia demonstrar alteração de malignidade borderline. Os exames pré-operatórios demonstraram hipercolesterolemia e aumento da fosfatase alcalina. Sob anestesia geral, com paciente em decúbito dorsal, realizou-se a inserção de um portal de 10 mm caudal à cicatriz umbilical pela técnica de Hasson modificada, seguido da insuflação com CO2 até pressão de 10 mmHg; de maneira videoassistida, foi introduzido um segundo portal de 10 mm pré-púbico; o decúbito foi trocado para lateral esquerdo, sendo realizada ligadura transparietal com polipropileno nº 2, suspendendo o ovário no flanco, seguido de cauterização bipolar (pinça 5 mm); o procedimento foi repetido no ovário contralateral. Para exteriorização do ovário direito pelo portal caudal utilizou-se pinça hemostática Kelly; a esquerdo foi após troca para decúbito lateral direito e ampliação da incisão; seguiu-se sutura muscular, redução do subcutâneo e dermorrafia; procedeu-se à nodulectomia mamária observando-se margem de três centímetros e fechamento convencional. Os cistos ovarianos podem ser únicos ou múltiplos, uni ou bilaterais e produzir estrógeno e progesterona, causando distúrbio endócrino, infertilidade e outras alterações; grande parte das cadelas tem agravamento clínico com piometra, neoplasias, alterações no ciclo estral e alopecia, como neste caso. Considera-se a OVE melhor que a OVH para tratamento de fêmeas sem doenças uterinas, pelos menores riscos de complicações relacionadas à manipulação do útero, motivo de escolha neste caso, pela modalidade videoassistida, por solicitação do tutor. O custo elevado dos equipamentos e necessidade de capacitação profissional podem ser desvantagens do uso desta técnica, porém há vantagens e pode ser utilizada na maioria dos pacientes, com uso de instrumentação videocirúrgica básica, menos lesiva e invasiva, como neste caso. A realização de suturas intra-corpóreas tem sido uma das maiores dificuldades relatadas, por esse motivo o eletrocautério e os endoclips são preconizados. Fatores ligados à resposta metabólica, como marcadores de estresse cirúrgico, têm retornado mais rapidamente aos níveis de referência após laparoscopias, principalmente a contagem de leucócitos, preservação da imunidade celular e diminuição da inflamação peritoneal, e consequentemente, melhor recuperação homeostática pós-operatória. Por esses e outros motivos, a videocirurgia tem ganhado espaço, pois permite realizar diversos procedimentos com menor trauma, manipulação objetiva, menor dor e estresse cirúrgico, e cicatrização rápida, como neste caso. A técnica de OVE videoassistida é efetiva no tratamento de cistos ovarianos em animais maiores, e permite rápida recuperação.

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Publicado

10-10-2024

Edição

Seção

Ciências Agrárias - Extensão & Cultura - Campus Realeza