CARLOS GOMES: UMA HISTÓRIA DE LUTA
Palavras-chave:
território; luta; resistênciaResumo
A história do município de Carlos Gomes tem em sua trajetória pontos que definitivamente merecem nossa atenção. Começando pela constituição do município, ao se emancipar do município de Viadutos, sua população, com pouco mais de 1300 habitantes, formada em grande parte pela migração de poloneses, o que teve um impacto significativo na região, produzindo uma forte influência na cultura, relações de parentesco e aspectos comportamentais locais, que passam pela culinária, linguagem até religião e formas de se organizar politicamente, e no ano de 1982 temos um exemplo dessa organização. A região, à época ainda denominado distrito de Carlos Gomes é ameaçada pela construção da barragem de Machadinho, pela empresa Eletrosul, o que acarretaria no alagamento parcial da região, na perda de território pelos camponeses que lá habitavam e trabalhavam na terra, algo inaceitável, não apenas pelo óbvio impacto causado pela subtração do objeto de subsistência, como também pela relação que aquela população havia estabelecido com a própria terra, mediadora de toda uma história de vida, de luta, de trajetória e memória. É dado o início então a um processo de reações e manifestações que passariam por diversas etapas, desde protestos, como o realizado em fevereiro de 1983 (a VI Romaria da Terra em Carlos Gomes), a abaixo-assinado entregue em Brasília para o então Ministro Extraordinário de Assuntos Fundiários, em 1984, o primeiro com a participação de cerca de 40 mil pessoas, e o segundo, com mais de um milhão de assinaturas. Com apoio da igreja católica local, Carlos Gomes vira sede de reunião para as romarias, já que seria a primeira localidade a submergir com a construção da barragem de Machadinho. A organização da população se desdobra em diversas ações, e, ao se fazer necessário, ações de maior radicalidade são colocadas em prática, como o enfrentamento direto e retenção de técnicos da Eletrosul e a ocupação do escritório da empresa em Itá, Santa Catarina, até que, finalmente, em 19 de outubro de 1987 é assinado o acordo com o presidente da Eletrosul. Aos dias de hoje, na praça central do município se encontra um monumento (também alvo de disputa política) lembrando do episódio, e mantendo viva a memória de luta de todo aquele povo que não se curvou mediante a ameaça de submergir na história.
Palavras-chave: território; luta; resistência.
Área do Conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas
Origem: Extensão.
Instituição Financiadora/Agradecimentos: UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul
[1] Guido Esturaro do Amaral. Ciências Sociais. UFFS. guido.amaral@estudante.uffs.edu.br
[2] Humberto José da Rocha. Ciências Sociais. UFFS. humberto.rocha@uffs.edu.br
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Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Editorial do XIII SEPE e concordo que os direitos autorais, a ele referente, se torne propriedade do Anais do XIII SEPE da UFFS.