A POSIÇÃO-SUJEITO-MULHER NA POLÍTICA BRASILEIRA

Resumo

Este trabalho vincula-se à  pesquisa de dissertação de mestrado desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos e se propõe a apresentar uma análise da posição-sujeito-mulher no discurso relacionado à política brasileira, pautada em princípios teóricos da Análise de Discurso materialista. O objetivo, assim, é entender como as mulheres são significadas no contexto político brasileiro, a partir de um arquivo de pesquisa composto pela Lei nº 9.504/1997 (Brasil, 1997), que estabelece normas para as eleições; pela Lei nº 14.192/2021 (Brasil, 2021), que estabelece normas para prevenir, reprimir e combater a violência política contra a mulher; bem como por dados eleitorais das eleições gerais e municipais de 2016 a 2024 consoantes com o Tribunal Superior Eleitoral Mulheres. Justifica-se a pesquisa pela baixa representatividade feminina na política. A representatividade na política é fundamental para uma sociedade democrática e para que cada grupo tenha seus assuntos e demandas atendidos. Nesse sentido, é de extrema importância que as mulheres ocupem esses lugares e coloquem suas perspectivas nesse cenário. Em vista dos dados de representatividade feminina baixíssimos, da luta feminista e também, tendo em consideração que 2024 é um ano eleitoral, com eleições municipais, entendemos de suma importância compreender a representatividade da posição-sujeito-mulher no contexto político da sociedade brasileira. Esse estudo é realizado por meio da metodologia da Análise de Discurso, que teoriza a interpretação, questiona sentidos postos e se propõe a estudar a relação entre o dizer e as condições de produção, na qual a exterioridade constitutiva do  discurso é fundamental, uma vez que se buscam os efeitos de sentido produzidos, o processo discursivo. Dessa forma, a pesquisa envolve a construção de um arquivo de pesquisa e a mobilização de um corpus de análise que foi de-superficializado para identificar os efeitos de sentido e o funcionamento discursivo das materialidades. A análise considerou as condições de produção, a memória e a ideologia que permeiam os discursos. Como resultado,  compreendemos que a baixa representatividade feminina é reforçada e legitimada por discursos e práticas discursivas enraizadas em uma ideologia dominante que perpetua a desigualdade de gênero. Além disso, o estudo possibilitou uma compreensão da sociedade, sendo um meio para construção de conhecimento, poder e resistência das mulheres, uma vez que o fortalecimento da resistência feminista e a ampliação do debate público sobre a participação das mulheres são essenciais para alterar o imaginário coletivo e, consequentemente, a realidade política brasileira.