POLÍTICAS EDUCACIONAIS E A ERA DIGITAL

A FALÁCIA DA MODERNIZAÇÃO, EFICIÊNCIA PRODUTIVA E O TECNOESTRESSE NA SAÚDE DOS EDUCADORES

Autores

Palavras-chave:

Tecnoestresse; Políticas Educacionais e tecnopedagogias

Resumo

Impulsionados pela globalização, os avanços científicos-tecnológicos têm provocado a implementação de recursos digitais nas unidades escolares de Ensino Médio de todo o Brasil. Embora a aquisição desses suplementos educacionais seja celebrada como uma inovação, suas implicações sobre a prática docente e a saúde dos professores revelam uma complexa problematica, se levarmos em conta a resistência ao seu uso por parte dos educadores. Essa rejeição não deve ser interpretada simplesmente como uma resistência à tecnologia, mas como um alerta que precisa ser considerado dentro do contexto das políticas educacionais que promovem essas transformações. Apresentadas como panaceias para os desafios enfrentados pelo sistema educacional, essas inovações tecnológicas servem como instrumentos para políticas governamentais em busca de legitimidade e validação. No entanto, essa narrativa acaba por obscurecer problemas estruturais profundos, criando a falsa ideia de que a tecnologia, por si só, poderia resolver as dificuldades endêmicas da educação. Ao invés de abordar questões centrais, como o desinteresse dos estudantes pela educação e a sobrecarga de trabalho dos docentes, essas políticas deslocam o foco para a modernização tecnológica, ignorando a necessidade de reformas mais abrangentes. Diante disso, esse estudo discute como os desafios tecnopedagógicos associados à inserção dessas tecnologias pode estar contribuindo para o tecnoestresse dos professores, além de explorar as dificuldades na adaptação ao novo paradigma metodológico. Embora a intenção seja modernizar o ensino, a introdução de novas ferramentas tecnológicas demanda uma constante ressignificação das práticas pedagógicas, o que cria barreiras psicológicas que precisam ser superadas. Em contra partida, existem grupo de pensadores que advogam pela integração de uma matriz heterotópica, com característica flexível e adaptativa, integrando diversas dimensões da experiência humana em um currículo holístico e inclusivo. Nessa direção a flexibilidade e adaptabilidade sugeridas, podem levar a uma falta de coesão e consistência no currículo escolar, tornando difícil para os alunos e professores acompanharem um plano de ensino coeso e bem estruturado. A introdução de múltiplas dimensões da experiência humana, embora enriquecedora, pode resultar em um currículo sobrecarregado, diluindo o foco em habilidades e conhecimentos fundamentais essenciais para a formação acadêmica sólida. Nesse sentido, as políticas educacionais guiadas pelo conceito de "qualidade total" priorizam competitividade, eficiência e produtividade. Isso transforma a educação em mercadoria, submetendo o papel do professor às exigências do mercado. No entanto, além de subestimar a complexidade das relações humanas que constituem o núcleo da educação, essa perspectiva negligencia os impactos sobre a saúde física e mental dos docentes, sobretudo no contexto da educação pública democrática. Diante desse atual cenário, outras alternativas podem ser exploradas para promover uma revalorização humanista do professor e uma concepção da educação como um bem público comum, baseada no cuidado, na empatia e na promoção da cidadania.

Biografia do Autor

  • PAULO AFONSO PIOVEZAN, UFFS

    Iniciou a carreira profissional como professor ginasiano em 1986 na Prefeitura Municipal de Concórdia. Em 1989, após concluir o curso técnico em Eletrotécnica na Escola Professor Olavo Cecco Rigon, passou a trabalhar como projetista de máquinas para o setor agrícola em uma metalúrgica local, concomitantemente ministrava aula de Desenho Técnico no período noturno.

    Obteve a Licenciatura e especialização em Matemática pela Universidade do Contestado-UnC, finalizadas em 1998. Desde 1999, é professor efetivo de Ensino Médio na Escola de Ensino Básico La Salle, pertencente à Secretaria de Educação do Estado de Santa Catarina. Possui vasta experiência na área educacional, com foco em Educação Matemática, Educação Financeira e Estatística.

    Além da carreira como educador, atuou como gestor na Escola de Ensino Básico Professor Olavo Cecco Rigon nos anos de 2007 a 2008. Ao longo da carreira, participou ativamente na arena política, em diversas siglas partidárias, nas funções de presidente, vice e secretário dos partidos. Concorreu em diversas campanhas eleitorais, sendo candidato a vereador em 2000 e 2008, candidato ao Senado pelo estado de Santa Catarina em 2010, candidato a prefeito do município de Concórdia em 2012 e candidato a deputado estadual por Santa Catarina em 2018.

    Na questão social, exerceu diversas funções (Presidente, Vice, Tesoureiro e Secretário) das Associações de Moradores dos bairros Liberdade e Nazaré.

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Publicado

12-10-2024

Edição

Seção

Outros - Ensino - Campus Chapecó