Gênero e Diversidade Sexual na Perspectiva da Educação do Campo e dos Movimentos Sociais
Palavras-chave:
Diversidade sexual, Escola, Educação do campo, Gênero, Movimentos sociaisResumo
O presente trabalho reflete a pesquisa em andamento da dissertação do Mestrado em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável do Campus da Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Laranjeiras do Sul/PR. Busca analisar as temáticas de gênero e diversidade sexual na educação do campo no Brasil, destacando o desafio que essas questões representam em um país ainda marcado pelo machismo e o conservadorismo. A metodologia utilizada é de revisão bibliográfica. Sendo assim, quando o foco são as escolas do campo, percebe-se que discutir gênero e diversidade sexual pode ser arriscado, uma vez que existe uma forte associação entre o sexo biológico e o trabalho braçal, tradicionalmente visto como uma responsabilidade masculina. Os movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), desempenham um papel fundamental na luta por uma educação que vá além dos interesses capitalistas, historicamente priorizados pelo governo brasileiro. Esses movimentos enxergam a educação como uma forma de resistência e emancipação, mesclando as lutas por terra e justiça social, buscando construir uma pedagogia que reflita a realidade dos sujeitos do campo. Anexado a essas lutas, as questões de gênero e diversidade sexual também são integradas, no esforço para criar novas identidades políticas para as mulheres sem-terra com a finalidade de desafiar a hegemonia heterossexista. No contexto do MST, a luta por novas relações de gênero está diretamente ligada à participação ativa das mulheres nos espaços de luta e organização. A criação do setor de gênero no MST em 2000 foi um marco importante, resultante da organização preliminar de mulheres em coletivos e grupos menores. Esse setor visa promover transformações na cultura patriarcal por meio de espaços formativos para homens e mulheres, enfatizando que o debate sobre gênero deve ser transversal a todo o movimento. Nesse mesmo panorama, o MST reconhece que a hegemonia heterossexista avança pelo capital, porém a lógica de construção do Coletivo LGBT Sem-Terra é apresentar a diversidade sexual e de gênero no movimento como possibilidades na luta por liberdade sexual, uma vez que a LGBTfobia é indissociável do patriarcado. Nesse sentido, por meio do recorte da diversidade e gênero, o Coletivo LGBT Sem-Terra questiona os padrões sociais, considerando que a formação de sujeitos sociais ocorre pela construção de uma sociedade que é marcada por relações sociais, territoriais, biológicas e culturais. A escola, como espaço de formação social, é vista como um ambiente onde as normas heteronormativas são reforçadas, mas também como um local onde essas normas podem ser desafiadas. Nos espaços do campo ainda existe uma perpetuação de uma educação tradicional e conservadora, que falha em abordar as questões de gênero e diversidade sexual de forma emancipatória. Para superar essas limitações, é essencial que os educadores tragam o diálogo sobre genêro e diversidade sexual para a sala de aula, ampliando o espaço e a voz dos que divergem da maioria e também que os educadores tenham materiais e fontes confiáveis para auxiliar na produção de aulas e debates com propriedade acerca dessas temáticas.
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