A ARTE DENÚNCIA NO CONTO LITERÁRIO:

QUANTOS FILHOS NATALINA TEVE?

Resumo

A delimitação temática deste estudo focaliza a análise em perspectiva dialógica da
linguagem do conto “Quantos filhos Natalina teve?”, de Conceição Evaristo, publicado no
ano de 2016, com fins de refletir acerca da temática que trata de situações de violência
sofridas pela mulher marginalizada e assujeitada a uma sociedade burguesa, conservadora
e patriarcal. Nesse viés, são analisados os pressupostos teóricos da literatura especializada,
com o intuito de compreender em que medida a mulher é invisibilizada, na sociedade
brasileira, por suas condições de gênero, de etnia e de classe social. A autora frequentemente
aborda temas de identidade racial, gênero e desigualdade social. No conto, compartilha suas
reflexões e experiências sobre a maternidade, a família e o papel das mulheres negras na
sociedade brasileira, além disso, contribui para o enriquecimento da literatura e cultura afro.
Dessa forma, conhecer e problematizar o assunto é de extrema relevância para barrar o ciclo
vicioso de mortes por feminicídio, repercutindo na comunidade externa, como nas
instituições de ensino, e conscientizando as gerações mais novas acerca de relevante
problemática. Quantos filhos Natalina teve? concentra-se na história da mulher negra
violentada na favela, além de incluir o racismo, sexismo e desigualdade, provocando várias
reflexões críticas. Portanto, sua relevância está relacionada a poder sinalizar as atrocidades
que acontecem com as mulheres brasileiras, além de engajar a comunidade a tomar atitudes
sobre a temática e sobre as mais diversas formas de opressão à classe mais pobre, negra e
feminina, que enfrenta dificuldades de inserção, relacionada ao negligenciamento cultural,
patriarcal, estatal e social, que a vê como uma prisioneira, sem poder satisfazer seus próprios
interesses. A geração de dados da investigação acontece por meio de fundamentos
conceituais da literatura e de estudos da linguagem como interação discursiva. A pesquisa
é teórica, com natureza qualitativa e fins explicativos. O método de análise e de
interpretação é hipotético-dedutivo, com procedimentos técnicos de caráter histórico e
comparativo. Como resultados, entende-se que a violência contra mulher é complexa e
multifacetada, a qual envolve uma interação de vários fatores sociais, culturais e
econômicos. Vale ressaltar as estruturas patriarcais que contribuem para a subjugação
feminina, limitando suas oportunidades, sua autonomia e voz. Quantos filhos Natalina teve?
apresenta a situação da vulnerabilidade na qual a jovem nasceu e cresceu. ). Logo, esse
conto promove vários interdiscursos que agregam informações ao leitor para a reflexão
crítica acerca da denúncia social aliada ao lirismo trágico, que desnuda o mundo íntimo dos
humilhados, dos ofendidos, dos seres sensíveis, subjugados aos traumas da vida proletária,
mas que ambicionam, têm desejos, sonhos e aspirações. Para se ampliar e potencializa o
debate em relação às violências, como o feminicídio, é necessário discussões amplas,
pautadas pelo reconhecimento das minorias, a fim de que haja uma mudança paradigmática
na forma de ver a mulher em sua humanidade, solidificando uma sociedade em que todas
as pessoas, sem distinção de gênero, possam coexistir com qualidade, igualdade, respeito e
segurança. É preciso alicerçar esses valores fundamentais, para romper ciclos de crueldade
e promover a dignidade social.