EFEITOS DO USO DE TELA NO NEURODESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS DE 0 A 5 ANOS
UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Palavras-chave:
Uso de dispositivos móveis, Primeira Infância, NeurodesenvolvimentoResumo
A primeira infância é um período crucial para o desenvolvimento do sistema nervoso central, quando conexões cerebrais são moldadas por influências biológicas e psicossociais, afetando o desenvolvimento motor, social e cognitivo. Fatores internos (hereditariedade e genética) e externos (ambiente e experiências) desempenham papéis significativos nesse processo. O uso de dispositivos móveis, como celulares e tablets, tornou-se amplamente difundido, aumentando o tempo de exposição às telas entre crianças pequenas. Nesse contexto, o objetivo do estudo é analisar os efeitos do uso de telas no neurodesenvolvimento de crianças de 0 a 5 anos. Este estudo realizou uma revisão integrativa da literatura, incluindo estudos publicados entre 2014 e 2024, que abordaram crianças de desenvolvimento típico, utilizando as palavras-chave: Neurodevelopment”, “Child Development”, “Neurodevelopmental Disorders”, “Screen Use”, “Use of Screens” e “Screen Time” no título ou no resumo dos textos. A base de dados utilizada foi o PubMed, atendendo os seguintes critérios de inclusão: artigos disponíveis em inglês, na íntegra, considerando amostra com crianças de neurodesenvolvimento típico, na faixa etária de 0 a 5 anos. A pesquisa resultou em 61 estudos iniciais, dos quais 17 foram selecionados após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão. Os resultados foram classificados em três categorias principais: cognição, linguagem e socioemocional. O impacto do uso de telas na cognição foi abordado por 8 estudos, que apontaram atrasos cognitivos associados ao uso excessivo de telas. Esses atrasos envolveram problemas de atenção, desempenho acadêmico, habilidades lúdicas e capacidade de resolução de problemas. Alguns estudos indicaram que o uso de televisões e "media multitasking" estavam particularmente relacionados a déficits cognitivos. O desenvolvimento da linguagem foi analisado por 8 estudos, os quais encontraram associações negativas entre o tempo de tela e as habilidades linguísticas. O uso excessivo de dispositivos móveis foi especialmente prejudicial para a compreensão e habilidades expressivas. Crianças expostas a mais de uma hora diária de telas apresentam atrasos expressivos na linguagem receptiva e expressiva, assim como dificuldades na comunicação em geral. No que tange ao desenvolvimento socioemocional, 12 estudos foram revisados. A exposição prolongada às telas foi associada a dificuldades nas habilidades sociais e emocionais, incluindo problemas de comportamento e interação social. A diminuição da interação face a face com os pais e outras crianças, devido ao tempo excessivo em frente às telas, foi um fator crucial que contribuiu para esses problemas. Os estudos revisados indicam que o uso excessivo de telas durante a primeira infância tem efeitos prejudiciais significativos no desenvolvimento neurológico e esses dados podem contribuir para realização de políticas públicas e condutas médicas que incentivem seu uso saudável. Ainda assim, são necessários novos estudos que considerem as dificuldades sociais e familiares (sobrecarga materna, ausência paterna, ausência de apoio psicossocial) na adoção de hábitos adequados de uso desses dispositivos.
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