ESPOROTRICOSE ZOONÓTICA
BREVE REVISÃO DE LITERATURA
Palavras-chave:
Saúde Pública, Zoonoses, Brasil, GatosResumo
A esporotricose, afecção causada por fungos do genêro Sporothix, tem característica zoonótica de distribuição mundial, sendo encontrada prevalentemente em regiões subtropicais e tropicais. A espécie S. brasiliensis é emergente na América do Sul e sua transmissão se dá através da inoculação traumática por mordedura, arranhadura ou contato direto com secreções de gatos infectados. Os sinais clínicos da doença são diversos, apresentando-se em duas formas: a infecção profunda, mais frequente em indivíduos imunodeprimidos, e a manifestação linfocutânea, mais comum em pacientes imunocompetentes. Dessa maneira, este estudo teve por objetivo realizar uma breve revisão de literatura acerca da epidemiologia da esporotricose. Foram incluídos quatro artigos, publicados entre 2020 e 2023 na base de dados PubMed. Tais textos foram selecionados a partir dos seguintes termos descritores: sporotrichosis, cats, zoonosis, fungal pathogen. O primeiro artigo destaca as características epidemiológicas e a expansão geográfica da doença causada por S. brasiliensis, o qual vem apresentando rápida disseminação diante de fatores como o aumento da população felina e consequente transmissão zoonótica direta de gatos para seres humanos, bem como a urbanização. O patógeno também está presente na Argentina, evidenciando uma maior cautela com relação a expansão da doença para novas regiões. Assim, os autores sugerem a aplicação de medidas de controle que visem a Saúde Pública e o combate do agente etiológico. O segundo cita que, na Argentina, a doença vem sendo subdiagnosticada devido ao desconhecimento dos médicos veterinários com relação ao fungo, que comumente a confundem com tumor de células escamosas. Além disso, o uso de equipamentos de proteção individual durante os atendimentos de felinos é dito como incomum no estudo. Ademais, exames complementares como citologia e histopatologia não são realizados, de forma que a maior parte dos animais são sacrificados. Os autores ressaltam a necessidade de conhecer a doença, seu diagnóstico e tratamento, pois a atuação interdisciplinar facilitaria a detecção precoce de epidemias e poderia prevenir a disseminação. O terceiro artigo trás um estudo retrospectivo acerca da esporotricose na cidade de Curitiba – Paraná, onde um aumento descontrolado de casos entre os anos de 2011 e 2022 foi observado. É importante ressaltar que a região possui uma grande população de gatos errantes e as políticas públicas de controle populacional, capacidade de diagnóstico e vigilância de casos são insuficientes, contribuindo para o grande número de casos. Por fim, os autores descrevem a urgência da educação sobre posse responsável e uma abordagem de Saúde Única para o controle da esporotricose zoonótica, abrangendo saúde ambiental, animal e humana. O último estudo aborda a resistência antifúngica e seus mecanismos, como a maior espessura da parede celular de S. brasiliensis quando comparada a S. schenckii, bem como as microfibrilas de parede mais longas que proporcionam a produção de biofilme. A capacidade de resistência de S. brasiliensis também pode estar relacionada a diversidade genética, mutação no citocromo P450 e a capacidade do agente em produzir melanina. Contudo, observa-se a importância de uma abordagem multidisciplicar em relação a esporotricose, incluindo questões de saúde pública durante o atendimento de felinos suspeitos para a doença.
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