MATEMÁTICA FINANCEIRA E EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA

POR UM GIRO EPISTEMOLÓGICO DECOLONIAL

Resumo

As relações entre Matemática Financeira (MF) e formação para a cidadania transcendem enlaces teóricos e pedagógicos e reverberam a função social da escola. Do ponto de vista histórico-cultural, a MF permeia as relações humanas à medida em que instrumentaliza e viabiliza os processos civilizatórios. As noções a respeito de monetização e aplicabilidade de taxas de juros têm permitido ao ser humano estabelecer relações entre sua remuneração laboral e seu custo de vida, percepção a qual é imprescindível para a vivência da cidadania. Face a isso, com os objetivos de aproximar os conceitos e os conteúdos atinentes à MF do cotidiano das/os estudantes, de modo a instrumentalizá-las/os a calcular, compreender e analisar criticamente situações em que estão inseridas/os e requerem tais conhecimentos, bem como identificar as formas como estudantes de 1° ano do Ensino Médio elaboram estratégias de resolução em situações cotidianas no âmbito da MF, realizou-se, com referencial teórico filiado a autoras/es que abordam as dimensões da colonialidade e da decolonialidade no campo da Educação Matemática a partir das redes de poder, saber e ser que a atravessam, a investigação que dá origem a este trabalho. Trata-se de uma pesquisa interdisciplinar, qualitativa em educação, desenvolvida conforme os procedimentos da pesquisa-ação, vinculada a Projeto de Pesquisa desenvolvido no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH) da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Erechim em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) – Campus Erechim. Sob essa perspectiva, pesquisadores – autores deste trabalho – e participantes da pesquisa – 21 (vinte e um) estudantes de 1° ano e 01 (uma) professora que ministra a disciplina Matemática no âmbito do Ensino Médio da instituição locus da ação – envolveram-se de modo colaborativo em um processo definido a partir de quatro etapas: planejamento, ação, observação/descrição e reflexão. Como técnica de análise de dados recorreu-se à Análise de Conteúdo que, a partir da leitura flutuante do material empírico constituído por meio das notas de campo dos pesquisadores, permitiu identificar especificidades circunscritas ao regime monetário de juros compostos no que se refere ao reajuste do salário mínimo e das bolsas de iniciação científica, evidências que, agrupadas em categorias e analisadas à luz do pensamento decolonial, viabilizam inferir que a abordagem da Matemática Financeira no Ensino Médio, a partir de uma contextualização crítica e interdisciplinar, contribui para a cidadania emancipadora.