PERPECTIVA DE PEQUENOS FRAGMENTOS FLORESTAIS EM REGENERAÇÃO COMO REFÚGIO PARA ESPÉCIES DE ANUROS E AUMENTO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS

Autores

  • Maria Luiza Reviliau Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Camila Chapieski Reynaud
  • Silvia Romão
  • Josimeire Aparecida Leandrini
  • Jakeline Galvão de França Monkolski.
  • Alexandre Monkolski

Palavras-chave:

Conservação de biodiversidade; Bioindicação ambiental; Fragmentos florestais; Restauração ecológica; Serviços ecossistêmicos.

Resumo

Os fragmentos florestais desempenham um papel crucial na conservação de espécies de anuros, que são altamente dependentes de habitats específicos para reprodução, alimentação e proteção. As características adaptativas intrinsecas (permeabiliade da pele e dependência reprodutiva da água) tornam-os elementos chave para bioindicação. Pequenos pedaços de floresta muitas vezes representam os últimos refúgios naturais para várias espécies de anuros funcionando como corredores ecológicos e como locais de intercâmbio genético. Os anuros são importantes agentes de controle de insetos, atuando como predadores naturais de mosquitos, moscas e outros artrópodes, muitos dos quais são vetores de doenças ou pragas agrícolas. Alterações da qualidade da água causadas por contaminates ou por mudanças de temperatura podem ser detectadas através do estudo faunístico dos anuros, com a respectiva observa-se a substituição de espécies endêmicas (sensíveis) por espécies endêmicas e exóticas (oportunistas). Considerando essas premissas, a proposta da pesquisa foi determinar a composição da anurofauna em um fragmento florestal em processo de regeneração dentro do campus da Universidade Federal da Fronteira Sul, em Laranjeiras do Sul, PR., associando com algumas variáveis ambientais. As amostragens foram efetuadas em seis expedições no período de novembro de 2022 a março de 2023, entre 18 e 21 h. No fragmento foram determinados trajetos a partir de um ponto fixo, utilizando como direcionamento a vocalização para realização da captura por busca ativa, registros sonoro e fotográfico. Durante o período de estudo, foram registradas 9 espécies de anuros, distribuídas em 7 gêneros e 4 famílias: Hylidae (55,5%), que apresentou maior riqueza de espécies, Leptodactylidae (22,2%), Leiuperidae (11,1%) e Odontophrynidae (11,1%). Dos 45 indivíduos registrados, 15 são da espécie Dendropsophus minutus, que apresentou a maior abundância, 14 são da espécie Aplastodiscus perviridis, 5 Boana faber, 3 Leptodactylus mystacinus, 3 Scinax fuscovarius, 2 Physalaemus gracilis, 1 Proceratophrys avelinoi, 1 Dendropsophus branneri e 1 Leptodactylus mystaceus. A composição das espécies de anuros registrada durante o estudo, indicou a presença tanto de espécies generalistas como Dendropsophus minutus e Scinax fuscovarius, quanto espécies mais especializadas como Aplastodiscus perviridis e Proceratophrys avelinoi, oferece uma visão abrangente sobre a qualidade do ambiente analisado. A predominância de espécies generalistas, que são mais adaptáveis a uma ampla gama de condições ambientais, pode indicar uma certa pressão ambiental ou distúrbio no habitat, que favorece essas espécies em detrimento de espécies mais especializadas. No entanto, a presença de espécies especialistas, que têm requisitos específicos para sobrevivência, sugere que o ambiente ainda mantém características de qualidade suficientes para suportar uma diversidade de nichos ecológicos. Esses dados sugerem que, embora o ambiente esteja em processo de restauração evidenciado pela alta proporção de espécies generalistas, existem áreas bem conservadas capazes de sustentar espécies especializadas. O processo de restauração de fragmentos florestais é uma estratégia viável para melhorar capacidade de suporte para uma gama mais ampla de espécies, assegurando a sustentabilidade a longo prazo da biodiversidade local e manutenção do serviços ecossistêmicos prestados por Anuros.

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Publicado

20-09-2024

Edição

Seção

Ciências Biológicas - Pesquisa - Campus Laranjeiras do Sul