ANESTESIA PARA NEFRECTOMIA ASSOCIADA À OVARIOHISTERECTOMIA E CISTOTOMIA EM CADELA
RELATO DE CASO
Palavras-chave:
Sedação, Trans-operatório, Analgesia, Parâmetros vitais, Medicina VeterináriaResumo
Este trabalho tem como objetivo relatar o caso de um canino doméstico, fêmea, de nove anos, submetido a protocolos anestésicos para realização de nefrectomia, cistotomia e ovariohisterectomia, a fim de salientar a conduta anestésica do pré, trans e pós-operatório, além de apresentar os resultados alcançados. O animal foi encaminhado para a Superintendência Unidade Hospitalar Veterinária (SUHVU) da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Realeza - PR, para atendimento e procedimento cirúrgico, com suspeita de urolitíase em vesícula urinária. Durante o exame físico verificou-se desidratação e anorexia. O exame ultrassonográfico confirmou o quadro, com um diagnóstico de urocistolitíase com cistite, nefrite bilateral com ureterolitíase em ureter esquerdo provocando piohidronefrose no respectivo rim, colangio-hepatite aguda, peritonite branda difusa e pancreatopatia aguda. Como o paciente apresentava vômito e anorexia, além de incontinência urinária e dor abdominal, optou-se inicialmente pela estabilização do quadro clínico da paciente para posterior realização dos procedimentos anestésicos e cirúrgicos. Na avaliação pré-anestésica a paciente foi classificada como ASA (American Society of Anesthesiologists) IV, paciente com alteração sistêmica grave que apresenta risco de vida. Considerando o quadro clínico do animal, foi utilizado como MPA (medicação pré-anestésica) fármaco opióide, metadona (0,3mg/kg), por via intramuscular, para proporcionar analgesia preemptiva e sedação leve. Já a indução anestésica se deu por propofol (5mg/kg), sendo um fármaco injetável de rápida indução e recuperação, além da metabolização hepática e por esterases plasmáticas, acelerando a sua eliminação e tempo de meia-vida. A manutenção anestésica deu-se por isoflurano vaporizado em oxigênio 100%, em circuito tipo Baraka, que permite a passagem livre dos gases, cuja CAM (concentração alveolar mínima) variou de 1.4% a 2.2% durante o procedimento. O isoflurano é um anestésico de baixa biotransformação e rápida eliminação, promovendo uma recuperação anestésica rápida. Durante o período trans-cirúrgico, realizou-se o monitoramento dos parâmetros vitais, onde a frequência cardíaca, frequência respiratória, saturação de oxigênio e EtCO2 (pressão parcial de dióxido de carbono ao final da expiração) mantiveram-se dentro dos seus valores de referência, demonstrando estabilidade do paciente durante todo o procedimento, com boa ventilação e troca gasosa, boa oxigenação dos tecidos e sem retenção ou eliminação excessiva de CO2. Durante o procedimento, o animal apresentou leve hipotermia, comum durante a anestesia principalmente devido à vasodilatação e à diminuição da atividade metabólica. Já a PAS (pressão arterial sistólica) expressou uma extensa faixa de variações, sugerindo uma variação na resposta do sistema cardiovascular ao procedimento anestésico. O protocolo anestésico utilizado foi eficaz para a manutenção dos parâmetros vitais estáveis do paciente durante o procedimento cirúrgico, sem complicações deletérias e recuperação anestésica tranquila e satisfatória. No retorno após 14 dias de pós-operatório, o tutor relatou que o animal manteve-se estável e teve boa recuperação cirúrgica. Com o acompanhamento do caso, é possível afirmar que todas as fases do pré, trans e pós-operatório anestésico foram fundamentais para o êxito dos procedimentos cirúrgicos realizados.
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