ANESTESIA PARA ARTROPLASTIA EXCISIONAL COXOFEMORAL ESQUERDA EM PACIENTE COM QUADRO DE BAIXA FUNCIONALIDADE DA PROTEÍNA G

RELATO DE CASO

Autores

  • Daniele Camila Hiert
  • Emilly da Silva da Fonseca Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Ademar Francisco Fagundes Meznerovvicz
  • Nicole Strozack Marcom
  • Marcio Oleszczyszyn
  • Gentil Ferreira Gonçalves
  • Luciana Pereira Machado
  • Paulo Henrique Braz

Palavras-chave:

Epidural, Gene MDR1, Recessivo, Rough Collie, Medicina Veterinária

Resumo

Este trabalho relata o caso de um canino doméstico, macho, Rough Collie, de oito anos, homozigoto para a mutação do gene MDR1, submetido a protocolo anestésico para artroplastia excisional coxofemoral esquerda. O objetivo é discorrer sobre a conduta anestésica no pré, trans e pós-cirúrgico, além de apresentar os resultados alcançados. O animal foi apresentado na Superintendência Unidade Hospitalar Veterinária (SUHVU) da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Realeza - PR, para o procedimento cirúrgico. O gene MDR1, localizado no cromossomo 14 dos canídeos, codifica a glicoproteína-P (P-gp), responsável pelo transporte de várias classes de fármacos em tecidos como intestino, fígado, rins e barreiras protetoras do corpo, limitando sua absorção e promovendo excreção. A mutação no gene MDR1 resulta em uma P-gp de baixa funcionalidade, levando ao acúmulo de drogas em tecidos como o sistema nervoso central, o que pode causar sinais clínicos variados, dependendo da droga e da dose. Cães de raças como Rough Collie, Ovelheiro Gaúcho e Border Collie podem apresentar essa mutação, que, quando em homozigose, aumenta o risco de morte ao serem anestesiados ou ao tomarem certos antibióticos. A homozigose para a mutação do gene MDR1 é crítica no contexto anestésico, pois fármacos como propofol e morfina em altas doses podem ser metabolizados inadequadamente e consequentemente aumentando os efeitos depressores e o risco de toxicidade. Esse acúmulo pode levar a depressão prolongada do sistema nervoso, aumentando o risco de complicações respiratórias, cardiovasculares e até de morte. Assim, em animais homozigotos para a mutação do gene MDR1, é crucial ajustar as doses e escolher os fármacos com cuidado durante a anestesia e no manejo pós-operatório para evitar efeitos adversos graves. Na avaliação pré-anestésica, o paciente foi classificado como ASA II (American Society of Anesthesiologists). O protocolo anestésico, baseado no quadro clínico, incluiu medicação pré-anestésica (MPA), utilizada a metadona (0,2mg/kg) associada a tiletamina + zolazepam (5mg/kg) por via intramuscular. A indução anestésica ocorreu com propofol (4mg/kg), e a manutenção com isoflurano vaporizado em oxigênio 100% em circuito circular semi-fechado. A analgesia locorregional foi realizada por bloqueio epidural lombossacral com lidocaína (4mg/kg) e morfina (0,1mg/kg), proporcionando bloqueio motor e sensitivo durante o procedimento e analgesia proporcionada pela morfina de no mínimo 12 horas após a aplicação. Durante o período trans-cirúrgico, os parâmetros vitais foram monitorados e mantidos dentro dos valores de referência para cães sob anestesia geral. Fármacos auxiliares incluíram cefalotina (25mg/kg), dipirona (25mg/kg) e meloxicam (0,1mg/kg). Os protocolos utilizados foram fundamentais para o êxito do tratamento, garantindo segurança e eficácia na anestesia e analgesia, com parâmetros vitais estáveis, mesmo diante da mutação do gene MDR1.

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Publicado

13-10-2024

Edição

Seção

Ciências Agrárias - Extensão & Cultura - Campus Realeza