ANESTESIA PARA BLOQUEIO RETROBULBAR PARA ENUCLEAÇÃO DO BULBO OCULAR
RELATO DE CASO
Palavras-chave:
Enucleação, Bloqueio locorregional, Endoftalmite, Sedação, Medicina VeterináriaResumo
O presente trabalho tem como objetivo relatar o caso de um canino doméstico, macho, castrado, SRD (sem raça definida), submetido a protocolos anestésicos para realização de enucleação do bulbo ocular, além de apresentar os resultados alcançados. O animal foi encaminhado para a Superintendência Unidade Hospitalar Veterinária (SUHVU) da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Realeza - PR, para atendimento e procedimento cirúrgico. Na avaliação pré-anestésica, o paciente foi classificado como ASA (American Society of Anesthesiologists) II, paciente com doença sistêmica leve. O protocolo anestésico foi instituído com base na avaliação do exame físico e exames hematológicos e bioquímicos. Para a medicação pré-anestésica optou-se por opióide, metadona (0,3mg/kg) proporcionando analgesia, associada a tiletamina + zolazepam (6mg/kg), ambos por via intramuscular, induzindo um estado de imobilidade e dissociação. Já a indução anestésica se deu por propofol (4mg/kg) e a manutenção por isoflurano, cuja CAM (concentração alveolar mínima) ficou na média de 1.1% durante o procedimento. O bloqueio retrobulbar loco-regional é uma técnica anestésica utilizada em procedimentos oftalmológicos para garantir analgesia. Neste procedimento, foram utilizados 3 mg/kg de lidocaína sem vasoconstritor, que proporciona um início rápido da anestesia, e 0,5 mg/kg de bupivacaína, utilizada por sua ação prolongada. A combinação desses anestésicos oferece um bloqueio eficaz, através da injeção de anestésico na região retro-orbital com foco de bloquear principalmente o nervo óptico e tecido peribulbar, permitindo o controle da dor durante o transcirúrgico e pós-operatório. Os fármacos auxiliares foram ampicilina (20mg/kg) , dipirona (25mg/kg) e meloxicam (0,15mg/kg), proporcionando uma abordagem abrangente para manejo de infecções, dor e inflamação, garantindo cuidados adequados no pós-operatório. Durante o período trans-anestésico, o animal se apresentou estável perante ao procedimento e sem elevação dos parâmetros fisiológicos indicativos de dor, demonstrando um favorável gerenciamento anestésico. A frequência cardíaca se estabilizou em 112 bpm, enquanto a frequência respiratória ficou em uma média de 26 movimentos por minuto, ambos dentro das faixas esperadas para uma anestesia segura. A temperatura corporal do paciente foi mantida em 37,2°C. A saturação de oxigênio (SpO₂) permaneceu em 96%, indicando uma oxigenação eficiente durante todo o procedimento. A pressão arterial sistólica foi monitorada com uma média de 120 mmHg, refletindo uma perfusão sanguínea adequada e estável. Por fim, o EtCO2 (concentração de gás carbônico ao final da expiração), medido pela capnografia, permaneceu em 45 mmHg, sugerindo uma ventilação alveolar eficaz. O procedimento cirúrgico ocorreu de maneira tranquila e o bulbo ocular extraído foi encaminhado para diagnóstico histopatológico, onde confirmou-se endoftalmite crônica associada a descolamento de retina. No retorno após 15 dias do procedimento cirúrgico, o tutor relatou que o animal manteve-se estável, apresentou uma boa cicatrização, sem sinais de dor, desconforto ou alterações comportamentais. Durante a consulta, foi realizada a remoção das suturas e, após avaliação clínica, o animal recebeu alta médica. Com isso é possível afirmar que o bloqueio retrobulbar é efetivo para o controle da dor transcirúrgica e pós-operatória imediata de enucleação.
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