Rinoscopia no diagnóstico de rinite linfocítica: relato de caso

Autores

  • Matheus Campos Alves Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
  • Maria Helena Moreno
  • Luísa Pereira Zacchi
  • Heloísa Vieira Cordeiro
  • Pauline Silva dos Santos
  • Marina Marangoni
  • Fabiana Elias
  • Fabíola Dalmolin

Palavras-chave:

rinopatias, minimamente invasivo, biópsia

Resumo

Em pequenos animais, as doenças nasais apresentam sinais clínicos inespecíficos, sendo a rinoscopia um exame que permite inspeção da cavidade nasal com endoscópios rígidos e flexíveis. Este trabalho tem como objetivo relatar a rinoscopia em uma cadela com secreção bilateral crônica. A paciente de seis anos e 20,75 kg apresentava secreção mucopurulenta bilateral, transparente a esverdeada e episódios de tosse há 20 meses. Foi tratada por outros veterinários com fluticasona nasal, montelucaste sódico, acetilcisteína e N-acetilcisteína, agemoxi, dipirona e prednisolona sem melhora. Encaminhou-se a paciente para rinoscopia após cefalexina (24 mg/kg/BID/PO/10 dias) por quatro dias. Após a aplicação de butorfanol (0,5 mg/kg) institui-se fluidoterapia com Ringer lactato, procedeu-se a indução anestésica com propofol (4 mg/kg) e cetamina (0,5 mg/kg) e a manutenção anestésica foi com isoflurano vaporizado em oxigênio a 100%. Com o animal em decúbito ventral e a cabeça elevada, realizou-se lavagem da cavidade nasal com Ringer sob pressão e introduziu-se um endoscópio rígido de 2,7 mm e 30º com camisa acoplada à torneira de três vias, utilizando-se a mesma solução para lavagem. Observou-se a mucosa nasal hiperêmica, vascularização evidente, edema e aderências nas conchas nasais e discreta lise dos turbinados etmoidais. Visualizou-se estrutura polipóide pequena, sendo coletada amostra para exame histopatológico, às cegas, com  pinça Takahashi. Ao final do procedimento foi realizada lavagem e posicionada uma gaze embebida em adrenalina na narina esquerda. A avaliação histopatológica revelou hiperplasia com formações papilares, inflamação linfocítica moderada, áreas com vascularização e hemorragia acentuadas, sugestiva de rinite linfocítica crônica. Prescreveu-se NaCl 0,9% e fluticasona (BID/intranasal/30 dias), piroxicam (5 mg/kg/SID/PO/20 dias), omeprazol (1 mg/kg/SID/PO/10 dias) e azitromicina (5 mg/kg/BID/PO/7 dias), porém o tratamento foi pouco efetivo e o tutor não quis dar continuidade ao tratamento. A alteração em cães é uma inflamação crônica das vias nasais, com infiltração de linfócitos na mucosa nasal. Os sinais clínicos incluem secreção e congestão nasal, espirros persistentes, tosse e outros sinais relacionados à inflamação, como observado nesse caso. O diagnóstico é através de endoscopia nasal, citologia e exames de imagem, como radiografias e tomografia computadorizada. A radiografia, embora pouco dispendiosa, é limitada às lesões de passagem nasal e ósseas, sendo realizada previamente neste caso, porém não foi diagnóstica. A rinoscopia, exame minimamente invasivo, tem grande relevância para o diagnóstico de rinopatias, fornece detalhes não visíveis ao exame físico e permite a realização de biópsias, como neste caso. A avaliação histológica fornece a diferenciação da afecção, caracterizando o infiltrado, um possível agente etiológico ou neoplasias; neste caso, os achados incluíram várias características típicas de inflamação crônica, com uma predominância de linfócitos na mucosa nasal. O tratamento, entretanto, é pouco responsivo na maioria dos animais, o que desacredita os tutores a segui-lo adiante, como observou-se neste caso. Conclui-se que a rinoscopia associada à biópsia foram efetivas para o diagnóstico do caso em questão, permitindo o direcionamento adequado do tratamento.

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Publicado

09-10-2024

Edição

Seção

Ciências Agrárias - Extensão & Cultura - Campus Realeza