APLICAÇÃO DO ESTUDO DE FAUNA DE MACROINVERTEBRADOS PARA BIOINDICAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL DE UM ARROIO

Resumo

A grande demanda de água na atualidade, tem reservado aos ecossistemas de arroios, o

status chave para a conservação e preservação de microbacias, que alimentam rios

destinados ao abastecimento humano. Por essa razão, o foco do trabalho de pesquisa foi

realizar um levantamento da fauna macroinvertebrados aquáticos de um tributário do rio

Leão, associando a composição da comunidade com qualidade ambiental do ecossistema.

A pesquisa foi realizada entre fevereiro a julho de 2021, no Arroio do Bigode, manancial

que compõe a microbacia do Rio Leão, em Laranjeiras do Sul – PR, cujo leito atravessa o

campus da Universidade Federal da Fronteira Sul. A captura dos macroinvertebrados foi

efetuada pelo uso de substratos artificiais com brita, confeccionados a partir de garrafas pet

de 2 L, em 3 pontos de amostragem (montante, intermediária e jusante) com 3 réplicas,

totalizando 9 amostras. Os substratos ficaram submersos por um período de 60 dias, para

um tempo hábil de colonização. Simultaneamente foram realizadas medidas de variáveis

físicas e químicas da água, usando uma sonda multiparâmetro e o Alfakit. Os invertebrados

foram identificados ao menor nível taxonômico possível, e os dados serviram para

estabelecimento de padrões de qualidade ambiental a partir do uso do índice BMWP

(Biological Monitoring Water Parts) e ASPT (Average Score Per Táxon) Foram capturados

um total de 538 indivíduos distribuídos em 29 grupos taxonômicos, constituídos por

nematoides, moluscos, anelídeos, crustáceos, insetos e ácaros. Os trechos montante e

intermediário mostraram um maior número de táxons, atingindo valores de BMWP e ASPT

maiores. Contudo, no trecho a jusante observou-se alteração da comunidade, com aumento

significante de grupos resistentes como Oligochaeta e Chironomidae, refletindo nos índices

uma menor pontuação. As variáveis físicas e químicas não demonstraram essas alterações,

pois todos os valores, a exceção da maior concentração de amônia na região intermediária

e jusante, obtiveram valores considerados normais para ecossistemas de água doce. Os

macroinvertebrados aquáticos foram capazes de refletir as mudanças no entorno, pois a

região a jusante apresenta uma zona de amortecimento de charco, com estreita faixa de

vegetação, sob influência de descargas difusas de atividades agropecuárias. O aumento da

qualidade ambiental na região a montante, está provavelmente relacionada a existência de

maior faixa de preservação da vegetação.