UMA VISÃO DOS ESPAÇOS URBANOS COMO REFÚGIO A CONSERVAÇÃO DE ESPÉCIES DE ABELHAS NATIVAS
Palavras-chave:
Polinizadores, Fragmentos florestais, Nidificação, Ecossistema urbano, ForrageamentoResumo
As abelhas nativas sem ferrão são essenciais para a manutenção da integridade biótica do ecossistema e estabilização de fragmentos florestais. Informações a respeito da dinâmica dessas espécies em ambientes urbanos no Brasil ainda são uma incógnita. Por essa razão, a proposta do estudo foi investigar a ocorrência de espécies de abelhas nativas sem ferrão na área urbana de Realeza (PR), a partir da localização de ninhos e utilização de dispositivos iscas. O levantamento de espécies foi realizado entre os meses de outubro a dezembro de 2022 coincidindo com período de intensificão da floração das espécies nectaríferas, em dois turnos, um pela manhã das 9 às 12h e outro a tarde das 15 às 17 h, períodos esses apontados na literatura como sendo o de maior atividade de forrageamento. As vistorias para localização dos ninhos ocorreram em cinco setores censitários do município em áreas privadas (parte interna do quintal, como muros, paredes, calçadas e beirais etc.) e na área pública (entorno do quintal, calçamento, rua, canteiros centrais próximos, troncos de árvores, fendas e buracos em rochas) usando o método de busca ativa. Em suporte foram montados dispositivos iscas para captura passiva, como armadilhas de garrafa PET. No momento da execução das buscas, foram efetuadas também a observação e registro da espécies florais disponíveis no quintal e no entorno, e características físicas das edificações dos recintos amostrados. A análise de componentes principais (PCA) foi usada para reduzir a dimensionalidade dos dados, identificando as principais variáveis que explicam a maior parte da variabilidade presente no conjunto de dados. Essa abordagem facilita a visualização e a interpretação dos dados, destacando padrões e tendências subjacentes que podem não ser evidentes em análises convencionais. Foram registrados 23 ninhos, sendo cinco da espécie Scaptotrigona depilis (Canudo) e 18 de Tetragonisca angustula angustula (Jataí), além de atividade de forrageamento de outras espécies como Scaptotrigona bipunctata (Tubuna), Apis mellifera (Abelha Européia), Plebeia spp. (mirins). A PCA no eixo 1 explicou 56% da variação dos dados e o eixo 2 28% dos dados, totalizando juntos 84% da variabilidade com os dados normalizados para essa operação. Os setores 1, 2 e 3 foram os únicos com registro de ninhos das espécies S. depilis (Canudo) e de T. angustula (Jataí) o qual foi associado a presença de abrigos em casas de madeira e de alvenaria. As áreas de fragmentos florestais e espécies nectaríferas por si próprias, não são únicos elementos para suporte das espécies de abelhas sem ferrão, mas a associação dessas com a presença de abrigos seguros nas paltaformas estruturais urbanas. Supõe-se que atributos adaptativos expliquem a facilidade com que algumas espécies possuem em nidificar em edificações urbanas e outra não, preferindo locais com perfil mais próximo ao natural. A estrutura física e paisagística urbana é capaz de fornecer suporte a algumas espécies de abelhas sem ferrão, mas algumas especificidades ambientais não podem ser simuladas nesse ecossistema. Embora as cidades possam oferecer nichos para a conservação desses polinizadores, existe uma certa seletividade para niddificação nas edificações urbanas.
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