Remoção de ossos fetais vaginais por orifício natural guiada por ultrassonografia em gata: relato de caso

Autores

  • Matheus Campos Alves Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
  • Heloísa Vieira Cordeiro
  • Pauline Silva dos Santos
  • Fabíola Dalmolin
  • Emanuel Caon

Palavras-chave:

maceração fetal, esqueletização, minimamente invasivo

Resumo

A maceração fetal é o processo séptico de destruição de fetos retidos, com liquefação e amolecimento dos tecidos moles, restando o esqueleto. Os sinais clínicos incluem contração abdominal, secreção vaginal fétida, anorexia, emagrecimento e septicemia quando há perfuração uterina. Têm-se como objetivo relatar a remoção de ossos fetais da vagina de uma gata guiada por ultrassonografia. Foi encaminhada para exame ultrassonográfico uma paciente de três anos, castrada, com histórico de secreção vulvar marrom, purulenta e fétida, de evolução de um ano desde a ovariohisterectomia, quando o médico veterinário relatou a presença de fetos no útero. Identificou-se espessamento da parede vaginal, aumento da vascularização ao doppler colorido e presença de estruturas hiperecogênicas formadoras de forte sombreamento acústico posterior limpo na vagina, compatíveis com ossos, além de processo inflamatório/infeccioso mural secundário. Removeu-se os ossos via vaginal, de maneira guiada por exame ultrassonográfico, com a paciente sob anestesia com tiletamina e zolazepam (0,2 ml/kg/IM), propofol (4 mg/kg/IV) e fluidoterapia com  NaCl 0,9% (5 ml/kg/h). Posicionou-se o animal em decúbito lateral direito, passou-se uma sonda uretral n°6 na vagina com auxílio de espéculo e realizou-se lavagem com NaCl 0,9%; procedeu-se à introdução de pinça Crile 16 cm guiada para a remoção dos ossos, até que estes não fossem mais identificados; verificou-se, por vezes, dificuldade no pinçamento dos ossos, já que este provavelmente estavam aderidos à mucosa vaginal, ou esta estava hiperplásica devido à inflamação; uma nova lavagem foi realizada e a paciente recebeu alta após a recuperação anestésica com prescrição de enrofloxacina (4,16 mg/kg/BID/PO/10 dias) e metronidazol (17,73 mg/kg/BID/PO/5 dias). Além disso, receitou-se, cloridrato de tramadol (4 mg/kg/BID/PO) e dipirona (5,53 mg/kg/BID/PO) por cinco dias. Realizou-se acompanhamento ultrassonográfico após 24 horas verificando-se melhora no aspecto vaginal, leve reatividade do mesentério adjacente, sem sinais de líquido livre que pudessem sugerir ruptura vaginal ou hemorragia regional. A paciente não apresentou peritonite e septicemia, o que sugere a integridade da parede uterina. A causa para a maceração fetal em gatas é bastante relacionada à aplicação de contraceptivos, entretanto, desconhece-se o uso de progestágenos na paciente. De acordo com a literatura, o tratamento recomendado para a maceração fetal é a ovariohisterectomia, que neste caso foi realizada anteriormente, contudo, restaram-se ossos fetais no canal vaginal, tendo-se a necessidade de remoção, que de maneira habitual é por abordagem cirúrgica. Neste caso, optou-se pelo procedimento guiado por ultrassonografia a fim de minimizar o trauma, com acesso por orifício natural. Observou-se que a ultrassonografia intervencionista é um método minimamente invasivo auxiliar para remoção de ossos fetais da vagina de gatas, que evita cirurgia e minimiza o traumas, enquadrando-se como um método diferencial quando comparado àquele realizado convencionalmente. Salienta-se a importância da realização prévia do exame ultrassonográfico como triagem para pacientes que serão submetidos à ovariohisterectomia eletiva, tendo-se por objetivo verificar a presença ou não de gestação e, assim como, possíveis alterações desta.

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Publicado

13-10-2024

Edição

Seção

Ciências Agrárias - Extensão & Cultura - Campus Realeza