ESTADO NUTRICIONAL: PREVALÊNCIA E FATORES RELACIONADOS EM USUÁRIOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Palavras-chave:
Atenção Primária à Saúde; comportamento alimentar; estado nutricional; estilo de vida; qualidade de vida.Resumo
Introdução: A qualidade de vida está relacionada a diversas condições, incluindo fatores sócio-comportamentais, como o estado nutricional. Assim, parte da população negligencia a própria saúde, visto a nutrição inadequada, exigindo uma análise sobre as circunstâncias que contribuem para tal situação. Objetivo: Avaliar o estado nutricional de usuários da Atenção Primária à Saúde (APS) e sua relação com o comportamento alimentar e outras características. Metodologia: Estudo transversal com indivíduos de 18 anos ou mais, realizado em 34 unidades da APS de Passo Fundo, RS. Após apreciação ética (parecer n° 3.219.633), a coleta de dados ocorreu entre maio e agosto de 2019, por meio de questionário. O estado nutricional foi o desfecho analisado, determinado pelo índice de massa corporal dos participantes, dividindo-os em não eutróficos (fora do parâmetro ideal) e eutróficos, após diagnóstico nutricional. O comportamento alimentar foi definido por um escore, variando de 0 a 9, em que realizar 5 ou 6 refeições, ingerir feijão, frutas, leguminosas, não realizar refeições assistindo/manuseando eletrônicos, não consumir bebidas adoçadas, macarrão instantâneo, embutidos e biscoitos/salgadinhos, foram considerados marcadores positivos, somando 1 ponto ao escore e categorizando-o em baixo (< 3 pontos), intermediário (4-6) e alto (> 7). As variáveis independentes contemplaram sexo, idade, escolaridade, situação conjugal, exercício de atividade remunerada, renda per capita, escore de comportamento alimentar, tabagismo, etilismo e prática de atividade física ao ar livre. Realizou-se a análise pela distribuição absoluta e relativa das frequências das variáveis independentes, além do cálculo da prevalência do desfecho com intervalo de confiança de 95% (IC95) e verificação da distribuição conforme variáveis preditoras (teste do qui-quadrado, admitindo-se erro de 5%). Resultados: Na amostra de 1.443 participantes destacaram-se mulheres (71,0%), entre 18 e 39 anos (39,9%), ensino fundamental completo (45,6%) e com cônjuge (72,2%). A maioria não exercia atividade remunerada (57,4%), sendo a renda per capita de até 1 salário mínimo (71,2%). Nos hábitos de vida, houve predominância do escore alimentar médio (58,1%), com minoria de tabagistas (18,3%) e etilistas (29,1%), porém realizando atividades físicas (57,5%). O estado nutricional foi avaliado em 1.264 (87,6%) participantes e constatou-se que o número de não eutróficos (68,7%; IC95 66,1-71,2) superou o de eutróficos (31,3%; IC95 28,8-33,9). Na análise estatística, averiguou-se que as características relacionadas a um melhor estado nutricional (eutrofia) foram as de idade entre 18 e 39 anos (35,4%; p=0,001) e quando melhor subdividida, a idade entre 18 e 29 anos mostrou maior significância (42,4%; p<0,001). Somado a isso, o exercício de atividade física ao ar livre (34,6%; p=0,024) também esteve relacionado a um melhor desfecho. Não houve significância nas demais variáveis. Conclusões: Os resultados sugerem que indivíduos jovens e fisicamente ativos possuem melhor estado nutricional, destacando a importância da adoção de hábitos saudáveis. Ademais, observa-se que não somente o comportamento alimentar influencia o estado nutricional, podendo este interferir na mudança de comportamento alimentar, ocasionando o efeito de causalidade reversa.
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