MULTIMORBIDADE E DOR CRÔNICA: AUTOPERCEPÇÃO DA PRESENÇA E INTENSIDADE DO QUADRO ÁLGICO EM PACIENTES DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Palavras-chave:
Atenção Primária à Saúde, Qualidade de Vida, Prevalência, DorResumo
A dor crônica é uma condição que afeta milhões de pessoas globalmente, impactando de forma negativa a qualidade de vida, a funcionalidade e o bem-estar do indivíduo. Ela é definida como um quadro álgico que persiste por mais de três meses. Um fator que pode contribuir para a manutenção e agravamento desse quadro é a multimorbidade, ou seja, a simultaneidade de duas ou mais doenças crônicas em um mesmo indivíduo. Trata-se de um estudo transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS (parecer n° 3.219.633), realizado em 34 unidades da Atenção Primária à Saúde da zona urbana de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, cuja coleta de dados primários ocorreu por meio da aplicação de questionário padronizado entre maio e agosto de 2019. Os desfechos analisados foram a autopercepção de dor por seis meses ou mais, pelo questionamento “há quanto tempo você sente essa dor?”, e a intensidade severa da dor. Como variável independente foi analisada a multimorbidade, a partir de autorreferência a diagnósticos médicos prévios. Além disso, variáveis sociodemográficas e comportamentais também foram abrangidas. Na análise estatística, executaram-se as frequências absolutas e relativas das variáveis independentes, o cálculo da prevalência do desfecho com intervalo de confiança de 95% (IC95) e a verificação da sua distribuição conforme as variáveis independentes (teste de qui-quadrado de Pearson; erro alfa de 5%). A amostra (n=1.443) apresentou predomínio do sexo feminino (71,0%), faixa etária entre 18 e 29 anos (20,5%), cor branca (64,8%), ensino fundamental completo (45,6%), pessoas com cônjuge (72,2%), ausência de atividade remunerada (57,4%), renda per capita de até um salário mínimo (71,2%) e peso corporal inadequado (68,7%). Ainda, 18,3% referiram tabagismo, 29,1% relataram consumir bebidas alcoólicas, 57,5% praticavam atividades físicas e 40,7% apresentavam multimorbidade. A autopercepção de dor há seis meses ou mais foi indicada por 54,9% da amostra (IC95 51,2- 58,1), sendo que se observaram maiores prevalências em participantes nas idades de 60 a 64 anos (70,3%; p<0,001), com ensino fundamental completo (59,2%; p=0,004), que não exercem atividade remunerada (59,3%; p=0,001), que não fazem uso de bebidas alcoólicas (56,8%; p=0,034) e com multimorbidade (65,8%; p<0,001). Quanto à intensidade da dor, 39,0% daqueles com dor crônica (IC95 34,5-43,6) relataram quadro álgico severo, dos quais constatou-se maior prevalência do sexo feminino (43,1%; p<0,001), com peso corporal inadequado (42,5%; p=0,023) e com multimorbidade (43,5%; p=0,022). Os resultados destacam a alta prevalência tanto da autopercepção da dor crônica quanto da maior intensidade da dor, especialmente entre indivíduos com multimorbidade. Os resultados apontam para uma série de fatores relacionados ao quadro álgico, incluindo idade avançada, nível de escolaridade, ausência de atividade remunerada e estado nutricional. Essas relações reforçam a interconexão entre as doenças crônicas e a qualidade de vida percebida pelo indivíduo.
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