Mulheres na gestão escolar: estudos iniciais
Palavras-chave:
Gênero; Gestão Escolar; Perfil Profissional.Resumo
A presente pesquisa tem como foco analisar os estudos publicados sobre gênero no campo da gestão escolar, esta entendida com participação na tomada de decisões, e ampliação das relações humanas na busca por atingir objetivos da instituição de ensino. Para tanto, inicialmente, aborda-se a constituição histórica do gênero e o papel da mulher na sociedade, bem como a busca por direitos e equidade, onde, historicamente, a mulher foi rotulada como menos apta para assumir cargos de alta escala. Reconhece-se a demanda atribuída às mulheres no contexto familiar, na criação dos filhos e no suprimento das tarefas domésticas, que ainda são frequentemente consideradas responsabilidades femininas; entretanto, a capacidade feminina não pode ficar condicionada ao cuidado do lar e dos filhos, necessitando de reestruturação do campo de trabalho feminino, e reconhecimento da fundamentalidade do papel feminino na educação brasileira. No entanto, essas demandas não tornam o sexo feminino menos capaz. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa e documental com base em publicações do Ministério da Educação, bem como associou-se o levantamento de teses e dissertações publicadas de modo a focar na problematização da variável gênero nas pesquisas contemporâneas brasileiras. Aos dados empíricos coletados, somou-se as publicações denominadas Notas Estatísticas apresentadas no Censo Escolar dos últimos 5 anos. Os dados sobre o número de gestoras são desdobrados de acordo com as redes de ensino onde essas mulheres atuam, constatou-se que dos diretores, 80,6% são do sexo feminino, mas esse percentual varia nas redes federal (23,6%), estadual (66,1%), municipal (83,7%) e privada (84,3%). Ou seja, as mulheres atuam de modo predominante na educação privada e municipal, e, sua participação é pouco expressiva na rede federal, isso pode ser relacionado com a responsabilidade e grau de influência que cada esfera administrativa apresenta. Quando nos referimos à esfera federal, que, destacado pela divisão de responsabilidade acarreta maior prestígio, reconhecimento social e consequentemente maior remuneração, esses postos acabam sendo majoritariamente assumidos por homens. Conclui-se que os estudos publicados pouco se assemelham ao objetivo desta pesquisa, assim como, os dados apresentados pelas Notas Estatísticas demonstram a predominância feminina em cargos de menor notoriedade social e a predominância masculina em cargos de maior relevância, como a gestão de instituições federais de ensino. Essa normalização sobre a heteronormatividade afeta diretamente o campo de trabalho feminino, e influência na escolha profissional das mulheres, as quais acabam buscando por atuar em funções de menor reconhecimento na hierarquia profissional, que compõem a base da pirâmide da carreira dos trabalhadores em educação.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Editorial do XIII SEPE e concordo que os direitos autorais, a ele referente, se torne propriedade do Anais do XIII SEPE da UFFS.