Mulheres na gestão escolar: estudos iniciais

Autores

  • Luci Pochmann Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Sandra Simone Hopner Pierozan

Palavras-chave:

Gênero; Gestão Escolar; Perfil Profissional.

Resumo

A presente pesquisa tem como foco analisar os estudos publicados sobre gênero no campo da gestão escolar, esta entendida com participação na tomada de decisões, e  ampliação das relações humanas na busca por atingir objetivos da instituição de ensino. Para tanto, inicialmente, aborda-se a constituição histórica do gênero e o papel da mulher na sociedade, bem como a busca por direitos e equidade, onde, historicamente, a mulher foi rotulada como menos apta para assumir cargos de alta escala. Reconhece-se a demanda atribuída às mulheres no contexto familiar, na criação dos filhos e no suprimento das tarefas domésticas, que ainda são frequentemente consideradas responsabilidades femininas; entretanto, a capacidade feminina não pode ficar condicionada ao cuidado do lar e dos filhos, necessitando de reestruturação do campo de trabalho feminino, e reconhecimento da fundamentalidade do papel feminino na educação brasileira. No entanto, essas demandas não tornam o sexo feminino menos capaz. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa e documental com base em publicações do Ministério da Educação, bem como associou-se o levantamento de teses e dissertações publicadas de modo a focar na problematização da variável gênero nas pesquisas contemporâneas brasileiras. Aos dados empíricos coletados, somou-se as publicações denominadas Notas Estatísticas apresentadas no Censo Escolar dos últimos 5 anos. Os dados sobre o número de gestoras são desdobrados de acordo com as redes de ensino onde essas mulheres atuam, constatou-se que dos diretores, 80,6% são do sexo feminino, mas esse percentual varia nas redes federal (23,6%), estadual (66,1%), municipal (83,7%) e privada (84,3%). Ou seja, as mulheres atuam de modo predominante na educação privada e municipal, e, sua participação é pouco expressiva na rede federal, isso pode ser relacionado com a responsabilidade e grau de influência que cada esfera administrativa apresenta. Quando nos referimos à esfera federal, que, destacado pela divisão de responsabilidade acarreta maior prestígio, reconhecimento social e consequentemente maior remuneração, esses postos acabam sendo majoritariamente assumidos por homens. Conclui-se que os estudos publicados pouco se assemelham ao objetivo desta pesquisa, assim como, os dados apresentados pelas Notas Estatísticas demonstram a predominância feminina em cargos de menor notoriedade social e a predominância masculina em cargos de maior relevância, como a gestão de instituições federais de ensino. Essa normalização sobre a heteronormatividade afeta diretamente o campo de trabalho feminino, e influência na escolha profissional das mulheres, as quais acabam buscando por atuar em funções de menor reconhecimento na hierarquia profissional, que compõem a base da pirâmide da carreira dos trabalhadores em educação.

Biografia do Autor

  • Sandra Simone Hopner Pierozan

    Doutora em Educação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Possui graduação em Pedagogia Séries Iniciais e Matérias Pedagógicas pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Professora da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) - Campus Erechim, com atuação no Curso de Pedagogia, na Especialização em Gestão Escolar e no Mestrado Profissional em Educação (PPGPE). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Gestão e Políticas Educacionais, atuando principalmente na Formação de Professores.

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Publicado

04-10-2024

Edição

Seção

Ciências Humanas - Pesquisa - Campus Erechim