TELA DE POLIPROPILENO NA REPARAÇÃO ABDOMINAL APÓS EXÉRESE DE NEOPLASMA MAMÁRIO EM CÃO – RELATO DE CASO
Palavras-chave:
Malha sintética; cirurgia reconstrutiva; tumor mamário; invasão muscular.Resumo
Os neoplasmas mamários são frequentemente diagnosticados em caninos e felinos, sendo o mais comum em fêmeas caninas e o terceiro em gatas. A excisão cirúrgica ainda é o tratamento de escolha para a maioria dos cães, incluindo técnicas como nodulectomia, mastectomia simples, regional, unilateral ou bilateral, associadas ou não à remoção de linfonodos. O tipo de cirurgia depende principalmente do estadiamento clínico do neoplasma, mas condições como ulceração e inflamação também podem impactar na decisão terapêutica. O presente relato tem como objetivo descrever o uso de tela sintética de polipropileno após a excisão cirúrgica de neoplasma mamário. Foi atendido um canino fêmea, SRD, 14 anos e 5,65 kg com aumento de volume abdominal há dois anos. Após anamnese e avaliação física, verificou-se que o animal apresentava nódulos em região mamária, tinha histórico de contraceptivo, gestação, cios irregulares, não era castrada, e exposição à agrotóxicos (residência há 2 km da lavoura). Os aumentos de volume localizavam-se em M3 esquerda e direita com aproximadamente oito e dois centímetros, com ulceração, secreção purulenta e odor fétido. Foi instituída antibioticoterapia (cefalexina 30 mg/kg BID) e analgesia (dipirona 25 mg/kg TID), e exames de citologia, hemograma, perfil bioquímico e ultrassonografia abdominal foram solicitados. A ultrassonografia evidenciou formação mamária/cutânea que invadia parte da musculatura intercostal e do reto abdominal na região média, com sinais de malignidade confirmados pela citologia. O animal foi encaminhado à cirurgia, que iniciou com a remoção do linfonodo axilar direito após marcação linfática com azul de metileno, e seguiu para a remoção da massa em M3 direita e esquerda. Devido ao extenso defeito formado na musculatura, uma tela de polipropileno foi suturada à musculatura com polipropileno 3-0, foi posicionado o omento maior entre os órgãos abdominais e a tela. Seguiu-se a abolição do espaço morto e aproximação do tecido subcutâneo com poliglactina 2-0, finalizando com a dermorrafia. A remoção dos pontos foi após 10 dias. O linfonodo e nódulos foram enviados para histopatologia, o diagnóstico revelou carcinoma em tumor misto grau II, com metástase no linfonodo. A paciente foi classificada no Estágio III da doença, e a quimioterapia foi recomendada como tratamento adjuvante. Telas sintéticas, como as de polipropileno, são amplamente utilizadas por sua resistência e durabilidade, como demonstrado neste caso. Por meio desta, promove-se o crescimento de tecido fibroso ao redor, reforçando a área reparada. O uso de telas para fechamento muscular abdominal em cães é recomendado quando o tecido natural não é suficiente para um reparo eficaz, como em grandes hérnias ou após a remoção de tumores que resultam em defeitos significativos, como ocorreu com a paciente em questão. No entanto, a aplicação dessas telas deve ser avaliada com cuidado, considerando fatores como o tamanho do defeito, o risco de infecção, o tipo de tela disponível e as condições gerais do paciente. Quando bem indicada e realizada, essa técnica pode oferecer benefícios consideráveis na recuperação e qualidade de vida do animal. Neste caso, o tratamento foi bem-sucedido, proporcionando um reparo eficaz da ferida com mínimas complicações.
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