SCHISTOSOMUS REFLEXUS EM UM CÃO DA RAÇA SHIH-TZU

Autores

  • Ana Clara Alves Rodrigues Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Heloísa Vieira Cordeiro Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Laiana Barros de Araújo
  • Raissa Dantas Correa Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Gentil Ferreira Gonçalves
  • Vitor Ângelo Musial
  • Jeancarlo Gross
  • Kerry Allyne Zanettin

Palavras-chave:

Malformação congênita, ultrassonografia, canino, evisceração

Resumo

O termo Schistosomus reflexus descreve etimologicamente uma malformação congênita caracterizada por uma anomalia na fusão da linha alba no ventre ou no tórax, resultando na abertura da parede abdominal e/ou torácica com consequente exposição total ou parcial dos órgãos internos. Além disso, há defeitos esqueléticos associados como angulação severa ventral da coluna vertebral, inversão da parte caudal do pescoço em direção ao sacro, caracterizada como curvatura ântero-posterior anormal provocando aproximação da cabeça com a cauda, bem como outras anormalidades musculoesqueléticas.  É considerada a lesão neonatal de maior fatalidade secundária a falhas embriológicas. Embora essa patologia seja diagnosticada com maior frequência em ruminantes como bovinos e ovinos, a ocorrência em cães é significativamente menor, com poucos casos relatados na literatura. A patogênese é complexa e multifatorial, ainda não totalmente elucidada. Diversos fatores, como distúrbios endócrinos, deficiências nutricionais, desequilíbrios metabólicos, predisposição genética e exposição a agentes teratogênicos, atuando sinergicamente durante o primeiro terço da gestação, podem interferir nos processos de organogênese e morfogênese. Acredita-se que a falha na fusão dos folhetos embrionários seja o evento primário que desencadeia a formação da fenda linear característica da patologia. Neste relato, uma cadela da raça Shih-Tzu, com aproximadamente 3 anos, foi atendida em uma clínica veterinária particular, em trabalho de parto, apresentando intervalo de 6 horas entre as últimas contrações. Dada a complexidade do caso, foi solicitada uma ultrassonografia para avaliação da viabilidade fetal. Os resultados iniciais indicaram frequência cardíaca fetal dentro dos parâmetros normais, sem sinais de sofrimento ou depressão fetal. No entanto, após o parto, o filhote apresentou ausência de fechamento das paredes torácica e abdominal na região da linha média ventral, com agenesia de costelas, dos músculos e da pele dessa região, com exposição das vísceras torácicas e abdominais, além de agenesia de um dos membros torácicos, polidactilia e curvatura ventral da coluna vertebral torácica. Em uma re-avaliação minuciosa das imagens ultrassonográficas obtidas na admissão identificou-se a ausência de fechamento da parede abdominal e torácica com evisceração. Estes achados reforçam a necessidade de um acompanhamento ultrassonográfico durante toda a gestação, bem como a presença de um profissional qualificado, sendo isso, fundamental para a detecção precoce de tais anomalias, permitindo a tomada de decisões clínicas mais assertivas e o planejamento de intervenções obstétricas, quando necessárias.

Downloads

Publicado

13-10-2024

Edição

Seção

Ciências Agrárias - Ensino - Campus Realeza